29 Março 2024, Sexta-feira
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Covid-19: Setúbal com perspectiva de 12 mil casos possíveis

O país tem 2 milhões de mascaras Tipo 2 até chegar uma nova entrega, talvez, segunda-feira. O Sindicato dos Médicos da Zona Sul aponta que não há stock suficiente nos hospitais da península e os médicos temem que o número de cadeias de transmissão activa dispare. O director clínico do Hospital da Luz Setúbal avança mesmo a possibilidade de 12 mil casos só no concelho de Setúbal. “E não é alarmismo”.

 

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Região de Lisboa e Vale do Tejo tem hoje 448 casos de Covid-19, num dia em que o país lamenta 12 mortes, 4 das quais na mesma região.
Em conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que o pico da epidemia em Portugal chegará, “à partida, a 14 de Abril”. E, ontem, durante o anúncio das medidas que o decreto do estado de emergência contempla, o primeiro-ministro avançou a possibilidade de “a primeira onda epidémica ir até Maio, sem previsões possíveis sobre o que virá a seguir e quando haverá uma segunda onda”.

Cenários possíveis no momento em que a Direcção-Geral de Saúde e o ministério da Saúde começam a preparar recursos para as próximas semanas. O equipamento de protecção para os profissionais de saúde continua a ser uma das maiores preocupações, na fase de mitigação do vírus, com várias cadeias de transmissão activa em todo o país, incluindo na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Marta Temido referiu hoje que “Portugal tem disponíveis 2 milhões de máscaras Tipo 2 para os hospitais” e que ao longo da próxima semana “em três fases, mais material começará a chegar ao país, talvez já a partir de segunda-feira”. Para a realização de testes laboratoriais de diagnóstico ao Covid-19, o país tem 9 mil packs em stock. “E mais também estão a ser preparados”.

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Números que têm levantado dúvidas ao Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS).

Esta semana, em declarações a O SETUBALENSE, Zita Gameiro, membro o SMZS, revelou que os equipamentos disponíveis “estão longe de ser suficientes em todos os hospitais da região e mais grave são médicos, enfermeiros e auxiliares nas urgências, sem máscaras”.

Máscaras que deveriam ser trocadas a cada 3 horas, “estão a ser utilizadas em turnos de 8 horas ou mais”.

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A carência é “transversal” e “acompanha muitas queixas de médicos”, não só na falta de máscaras, mas também de “luvas, fatos especiais, desinfectante e salas de isolamento”. Situações que estão a “colocar em risco equipas do Garcia de Orta, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Hospital São Bernardo e Agrupamentos de Centros de Saúde, sendo no casos destes as situações mais graves Almada-Seixal e Arrábida”.

O SMZS confirma mesmo que “há dezenas de casos de profissionais da saúde infectados no distrito de Setúbal e que um dos maiores problemas é não haver informação sobre como devem proceder de modo a garantir o isolamento e possível quarentena, para quebrar cadeias de transmissão”.

 

Médicos que tiveram contacto próximo com doentes infectados podem ter de trabalhar

 

Entretanto, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) emitiu um comunicado, no qual refere que “alguns centros hospitalares estabeleceram, através de circulares, a indicação de manter profissionais de saúde, que estiveram em contacto próximo não protegido com doentes infetados por SARS-CoV-2, em trabalho regular com máscara cirúrgica, desde que assintomáticos”.

Orientações que não coincidem com as linhas estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde, em entidades internacionais, nas quais se estabelecer que “os médicos cujo contacto não protegido seja de alto risco de exposição devem permanecer em isolamento profilático, durante 14 dias, com restrição para o trabalho”.

Motivos que levam a FNAM a relembrar que “a protecção dos profissionais de saúde é uma questão de saúde pública, dado que os médicos são veículos fáceis de transmissão” e colocam em risco, “a saúde dos próprios e da população”, sendo que “as falhas na quebra destas linhas de transmissão têm sido apontadas como uma das razões para o descontrolo da pandemia noutros países”.

Neste momento, foram já impostas aos profissionais de saúde atitudes que contrariam a melhor prática. É incompreensível que decisões com este impacto na vida dos profissionais e de risco potencial para a população sejam assumidas por quem não tem autoridade para tal.

 

“10% da população de Setúbal pode ficar infectada

 

No dia 17 de Março, com o objectivo de alertar para o possível crescimento das cadeias de transmissão activa do Covid-19, os médicos do Hospital da Luz de Setúbal publicaram um comunicado de apelo à quarentena voluntária. Caso contrário, dizem, “não haverá capacidade de resposta”.
Estes médicos não hesitam em prever que o cenário que se vive em Itália e em Espanha pode-se verificar em Portugal brevemente, e só no concelho de Setúbal haverá milhares de casos.

Após a directora-geral da saúde, Graça Freitas, ter sido confrontada com a questão durante a conferência de imprensa de 19 de Março, e ter confirmado a real possibilidade destes números, José Santos Ferreira, director clínico do Hospital da Luz Setúbal, em entrevista a O SETUBALENSE, fez as contas e defende “não é alarmismo”.

Num cenário de um infectado em cada 10 habitantes, “Setúbal pode contar com 10% da população com Covid-19, ou seja, cerca de 12 mil habitantes”.
Destes possíveis pacientes, “1 em cada 10 precisará de cuidados hospitalares e desse total, também 1 em cada 10, precisará de cuidados intensivos”. Segundo José Ferreira Santos “estaremos a falar de aproximadamente mil pessoas, muitas delas em situação de respiração assistida”.

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