Três dias depois de ser eleito presidente do emblema sadino no mandato 2020-2023, Paulo Gomes tomou posse nas novas funções. Ao lado da sua equipa de trabalho, o dirigente prometeu introduzir as alterações necessárias para proteger o Vitória.
Após ser empossado na segunda-feira como presidente do Vitória Futebol Clube, Paulo Gomes respondeu às perguntas dos jornalistas sem evitar nenhum assunto e dando conta dos desafios que se avizinham nas novas funções. Na cerimónia que decorreu com casa cheia no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o setubalense, de 50 anos, reiterou as prioridades da sua direcção: alteração de estatutos e auditoria avançam já, garantiu.
Inicia a partir de agora um novo ciclo para si e para o Vitória…
Sim, é o início de um novo ciclo, com algumas pessoas repetentes, mas com uma ideia nova, uma ideia de equipa, e estamos prontos para o trabalho.
Como vai ser o primeiro dia de trabalho e qual a primeira coisa que vai fazer?
Vou reunir com o treinador [na noite de segunda-feira em que tomou posse]. Vamos organizar porque a janela é de apenas 15 dias, perceber o que é que é preciso e aquilo que nós poderemos dar. Tem de haver aqui um equilíbrio de forma a fazermos uma segunda volta tranquila, que é esse o nosso objectivo.
Qual vai ser a sua prioridade no início deste mandato?
Para já, nós temos estatutos obsoletos, vamos de imediato aprovar novos estatutos, vamos blindar o clube a possíveis “artistas” que apareçam para tomar posse dele. Portanto, é a primeira coisa, a segunda será a aprovação das auditorias, que já estão aprovadas, vamos escolher qual será a empresa com a comissão e vamos também dar andamento, porque nós não queremos branquear o passado, queremos perceber o que é que aconteceu, e também queremos usar como ferramenta para podermos trabalhar no futuro.
Cândido Casimiro, presidente da mesa da Assembleia geral, deu a entender que a centralização dos direitos televisivos poderá ser um objectivo no seu mandato…
Sim, uma coisa é certa. Existe um desequilíbrio muito grande entre as forças, e se fizermos contas de cabeça, percebemos facilmente que existem clubes com mais percentagem do que outros, mesmo sendo clubes que tragam mais pessoas a ver televisão. Portanto, isso vai ser uma das nossas guerras para tentarmos equilibrar, porque o futebol só faz sentido se todos os intervenientes tiverem a capacidade de estar em campo na sua mais-valia como equipa e não com os desequilíbrios que muitas vezes tem a I Liga.
Cândido Casimiro também disse durante a tomada de posse que o clube não cumpriu as obrigações para com a Segurança Social em tempo útil. Tem agora 10 dias para efectivar esse mesmo pagamento. Já tem essa situação prevista?
Sim. Para já, já percebemos que afinal as contas não eram assim tão certas como apregoavam. O que é certo é que eu sei ao que venho, fiz o meu trabalho de casa e nós vamos cumprir e se tivermos de inscrever algum atleta durante este mês iremos fazê-lo.
Como estão as relações com o Sporting? Existe possibilidade de reatar as relações institucionais?
Não achámos nada benéfico para o futebol o espectáculo que aconteceu no estádio do Bonfim, com uma das equipas em baixo, não tinha as condições para poder jogar e isso não beneficia o futebol. Achámos que o Sporting não teve aqui a melhor atitude, deveria ter tentado arranjar outra forma de resolver o problema, embora esteja na sua razão.
De qualquer forma, passaram-se actos que nós também não concordamos. O anterior presidente, Vítor Hugo Valente, tomou uma decisão sozinho, não consultou a administração, não consultou a direcção, e nós temos de ponderar todos estes vectores para perceber em conjunto que decisão iremos tomar, e se deveremos ou não reatar as relações com o Sporting. Para já, ainda é um tabu porque tenho de ouvir as pessoas que estão comigo.
Em relação à estrutura actual vai manter tudo como está ou vai promover algumas alterações?
O comboio está em andamento. Estar nesta altura a fazer alterações bruscas pode criar problemas no próprio seio da equipa, portanto, perceber os funcionamentos, perceber as dinâmicas, perceber o que é que cada uma das pessoas faz, colocar o meu cunho pessoal na organização para chegarmos ao final da época. Quando chegarmos ao final da época decidiremos da melhor forma, sempre defendendo os interesses do Vitória. Não podemos tomar decisões abruptas, porque depois só um prejudicado: o Vitória. E isso não vai acontecer.
Em relação ao mercado, pode haver alguma novidade tanto no futebol como no andebol que é outra modalidade querida do clube?
Viu reunir com o meu vice-presidente, Sérgio Casal, para falarmos do reforço da equipa de andebol, porque vamos entrar na segunda fase e o andebol do Vitória é de primeira. Portanto, queremos continuar na 1.ª divisão e vamos trabalhar para que isso aconteça.
No futebol, não é diferente porque ainda hoje (segunda-feira) irei falar com o treinador sobre a possibilidade de haver algum reforço em função da posições, porque também provavelmente teremos de fazer alguns empréstimos ou até mesmo revogações para podermos atacar a segunda volta com a dignidade que o Vitória merece.
Comenta-se o interesse do Benfica em Makaridze, um dos principais activos do plantel. Qual o ponto da situação, o guarda-redes pode sair este mês?
Estamos a estudar o dossier Makaridze, que tem uma cláusula de rescisão. Se for batida automaticamente teremos de o vender, não há outra alternativa, caso não seja batida, teremos de rever bem e aí o nosso técnico terá uma palavra a dizer.
Qual o valor da cláusula de rescisão?
Um milhão de euros.
Cândido Casimiro, novo líder da AG sadina, peremptório: «Eleições foram pouco edificantes»
Cândido Casimiro, novo líder da mesa da Assembleia Geral vitoriana, não poupou críticas à direcção anterior presidida por Vítor Hugo Valente. “Restam-nos apenas 10 dias para cumprir as obrigações da SAD com a Liga. Apesar de ter falado que era cumpridor, não pagou à Segurança Social (SS) as contribuições devidas desde Julho a Dezembro [2019], argumentando que só se paga a SS em Julho e Janeiro sem sequer invocar razões económicas para não cumprir”, disse, deixando críticas à forma como decorreu o acto eleitoral, deixando explícita a urgência em alterar os estatutos do Vitória. “As eleições foram pouco edificantes, pouco transparentes e nada limpas. Esqueceram-se de incluir nas listas jovens com mais de 16 anos, mas foram diligentes em inscrever ‘carradas’ de novos sócios que ninguém sabe de onde vieram, de Setúbal não foi”.
Maria das Dores Meira ao lado do clube: «Câmara disponível para apoiar o Vitória»
No seu discurso, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, destacou a “enorme vitalidade associativa do Vitória”, saudou os recém-eleitos órgãos directivos e frisou que o clube sadino “precisa de gente empenhada” num momento em que “o que mais importa é encontrar soluções”.
Nesta matéria, a edil apontou a importância de procurar soluções “para alcançar mais e melhores sucessos desportivos, para que o Vitória tenha cada vez maior implantação e ligação à cidade e para os problemas complexos que estão em cima da mesa de quem vai continuar a dirigir a grande família vitoriana”.
Em matéria de colaboração, Maria das Dores Meira reafirmou que a Câmara Municipal de Setúbal estará sempre “disponível para, na rigorosa medida das capacidades e competências legais do município, apoiar o Vitória, sempre no devido respeito pelas decisões dos associados”.
ÓRGÃOS SOCIAIS DO VITÓRIA FC – MANDATO 2020-2023
DIRECÇÃO:
Paulo Gomes (presidente), Sérgio Casal, Luís Jacob, João Martins, Aldo Nascimento, Bruno Rodrigues, Rogério de Sousa, José Fidalgo, Gabriel Rodrigues, Paulo Pedro, Cristina Augusto, António Ramos e Alexandre Aleluia.
MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:
Cândido Casimiro (presidente), José Luís Barão, Jorge Lobato e Mário Gil.
CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:
João Martins (presidente), Joana da Costa, Fernando Cunha, Américo Gaspar e Mário Salvado.
CONSELHO VITORIANO:
Álvaro Piteira, Luís Fernandes, Valter Gomes, Pedro Pereira, José Madureira Lopes, Carlos Romão, Gonçalo Teixeira, Ilídio Duarte, Mário dos Santos e João Guerreiro.