Enquanto preparam discos de originais, músicos setubalenses fazem nascer single
“Nunca, na raiva, no grito, pensaram em cair” Pedro Franco, João Mota e Cátia Oliveira, “porque não era amor”. Mas agora é. O duo Um Corpo Estranho juntou-se à cantautora A Garota Não para cantar sobre amor, perdão e auto-superação, num “tema pessoal que nasce da análise de relações e vivências passadas”.
Os três artistas setubalenses apresentaram no dia 14 o novo single “Mavorte”, enquanto se preparam para lançar os seus respectivos discos de originais no final do ano. “Como pensámos que se guardássemos o tema ele poderia perder o sentido, decidimos lançá-lo agora”, começa por dizer Pedro Franco, de Um Corpo Estranho, a O SETUBALENSE. “Fiz a canção e dei-a ao João para escrever a letra. Quando a ouvi, senti que era um tema espelho de uma relação entre duas pessoas e vi ali um dueto, com uma voz feminina”, conta. “Dada a intensidade da letra, tinha de ser uma pessoa que tivesse arcabouço para a aguentar. “Pensámos logo na Cátia”, confessou.
Igualmente natural foi o “sim” que A Garota Não nem hesitou em dizer. “Além de a música ser muito boa, o texto é um retrato muito denso de hipotéticas realidades, ao mesmo tempo capaz de caracterizar situações diárias com muita poesia. O João tem o dom de saber transformar um episódio difícil em poesia”, considera. “A produção do tema, feita pelo Sérgio Mendes, que trabalha connosco e acaba por ser um elo de ligação entre os três, teve vários caminhos mas este produto a que chegámos deixou-nos muito satisfeitos”, adianta.
Nas palavras de João Mota, a metade de Um Corpo Estranho, “o nome do tema surge a partir de um poema de Bocage, no qual surge uma referência a Mavorte, que é um nome para Marte e o Deus da guerra, da agricultura, dos campos e da fertilidade”.
O tema tem o selo da editora independente Malafamado Records e o vídeo, produzido pela Souza Filmes e pelo colectivo Garagem, é da responsabilidade do realizador António Aleixo.
O feedback recebido até agora é “muito positivo” e fez emergir “o sentido de pertença e comunidade que em Setúbal se faz sentir”. Os três consideram que há na cidade “muito talento nas mais diferentes áreas” e é importante que “a marca de Setúbal seja passada positivamente, criando-se uma identidade, que mostre que há aqui música de qualidade e gente a escrever com intenção”. “Há um esforço colectivo neste sentido e temos vindo também a sentir um certo orgulho a brotar das pedras do chão”. “Ressoam”, assim, tambores de Mavorte – “e se o amor não chega, nada vai chegar”.