Actriz do Teatro Fontenova vive a representação como uma forma de estar na vida. E com paixão
A esplanada estava fresca e tranquila. Pouca gente. Muita “paz perpétua” para uma pergunta curta: O teatro? O teatro é apenas uma forma de vida. A resposta é mais complexa do que parece. Uma forma de estar na vida, de arranjar uma visão intensa e trazer novas visões sobre o mundo. Foi assim que começou a conversa.
Com mestrado em Artes do Actor, concluído em 2007 na Universidade de Évora, Sara Túbiu fez depois um programa Erasmus, no Institu Del Teatre – Diputació, em Barcelona, e completou o percurso académico com o Curso de Direcção e Dramaturgia ‘À Flor das Águas’, com uma criação colectiva coordenada por Patrícia Paixão e produzida pelo Teatro Estúdio Fontenova (TEF), em Maio de 2022;
O que a trouxe ao teatro? Talvez paixão.
Acho que é uma paixão que se alimenta num palco. Paixão que se torna seiva e que nos faz nutrir e ser nutridos. Sem paixão não há como ir nutrindo nem partilhando.
Para lá da paixão o teatro é muito racional?
Acho que o teatro é pouco racional, contudo tem uma razão; a sua razão. Uma justificação, mesmo em paralelo, com a vida da sociedade em que estamos a viver. É um todo. Um trabalho. É a mensagem que eu quero dizer ao público, com um texto e com a sua abordagem cénica.
O teatro é lúdico com os outros actores e com os espectadores. Quando e como tudo começou?
Comecei muito cedo no teatro, com menos de 6 anos. Tive a sorte de ter como tia a actriz Cristina Matos, do Parque Mayer. Vi-a várias vezes, nessa altura, em duas ou três personagens. Levava-me para os camarins. Conheci actores e actrizes como Rita Salema, Camacho Costa, Carlos Paulo, Fernando Ferrão e tantos outros e andei ao colo de alguns deles. Fiquei com uma bela memória desse tempo. Imagens muito seguras, muito palpáveis. Fui vendo, depois, outros teatros, como, por exemplo, o Trindade, com um espectáculo de fumos, de que não me lembro do nome. Mas a pintura era de Bo.
Quando foi a sua estreia?
A estreia profissional foi em Junho de 2008, com a peça ‘Quatro Mulheres de Coragem’, de Rona Munro. Uma produção a Bruxa Teatro, com encenação de Figueira Cid. Vim para o TEF em 2020 e continuo em Setúbal. Já me sinto mais setubalense.
Percurso: Produções do TEF e não só
Como actriz profissional, Sara Túbiu tem trabalhado no TEF, com várias peças nos últimos anos. ‘O Triunfo das Porcas’ (Março 2021), adaptação de A Quinta dos Animais de George Orwell, encenada por Pedro Alves; ‘A Paz Perpétua (Abril 2021), com texto de Juan Mayorga, tradução de Luísa e encenação de José Maria Dias; ou ‘A Casa de Emília’ (Outubro a Novembro 2020), texto de Luísa Monteiro e encenação de José Maria Dias, foram alguns dos espectáculos em que representou. Alguns em co-produções, nomeadamente com a associação setúbal Voz, como foi o caso da ópera ‘A Nave dos Diabos’ (Julho 2021), espectáculo do Ateliê de Ópera de Setúbal, com direcção de Jorge Salgueiro, na Igreja de S. Sebastião.