O naïf de João Pé-Leve e sua originalidade na Galeria Augusto Cabrita no Seixal

O naïf de João Pé-Leve e sua originalidade na Galeria Augusto Cabrita no Seixal

O naïf de João Pé-Leve e sua originalidade na Galeria Augusto Cabrita no Seixal

|Fotos de Daniel Maia|Fotos de Daniel Maia|Fotos de Daniel Maia

Foi o sobrinho Carlos que o empurrou para o mundo da arte. Expôs pela primeira vez no Casino do Estoril e foi um êxito

 

A Galeria de Exposições Augusto Cabrita, do Fórum Cultural do Seixal, acolhe, até 12 de Março, uma mostra de João Pé-Leve composta por um conjunto de desenhos e pinturas naïf de admirável originalidade.

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O certame, integrado num ciclo que se vai prolongar no tempo, tem como finalidade dar a conhecer ao público o Acervo Artístico Municipal, composto por centenas de peças artísticas dos mais géneros e das mais variadas proveniências.

O presidente da autarquia, Joaquim Santos, refere que esta exposição de João Pé-Leve “é constituída por um conjunto de obras de características espontâneas e populares, que foram doadas à autarquia por Carlos Pé-Leve, em 1999, para integrar o acervo artístico municipal”.

Em francês, naïf tem o significado de inocente, incrédulo, mas também de verdadeiro e ainda natural, espontâneo, sem artifício. A arte de Pé-Leve é marcada pela espontaneidade, pelo autenticismo, pelo “fazer artístico sem escola nem orientação”, daí que instintiva, onde o artista dá rédea solta ao seu universo particular.

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No fundo, trata-se de uma linguagem artística que não tem lugar nos moldes académicos, nem nas tendências modernistas, nem mesmo no muito alargado conceito de arte popular.

Assim, o artista naïf é profundamente individualista, ainda que nele se possa quase sempre descobrir a fonte de inspiração, seja nas ilustrações dos livros antigos ou em imagens de santos, por exemplo.

O homem e o artista

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João Pé-Leve nasceu em 1908, em Vila Nogueira de Azeitão. Fixou-se em Coina, até que, aos 35 anos, decide abalar para Moçambique onde se manteve até 1988, altura em que regressou a Coina, onde viria a falecer dez anos mais tarde.

A pintura nunca foi para ele um modo de vida, mas durante toda a sua existência se entregou aos bonecos, como ele próprio confessava. A sua pintura e desenhos, sobretudo os dos últimos anos, descrevem cenas da juventude passadas tanto em Coina como em Moçambique.

Entretanto, por insistência do seu sobrinho Carlos, participou, em 1993, com quatro quadros, na exposição colectiva de Pintura Naïf do Casino Estoril. As suas obras foram bem acolhidas, sobretudo, pelos especialistas e críticos de arte.

E de tal forma que, um galerista holandês comprou as quatro obras e convidou-o para a Galeria Hamer, em Amesterdão. Abriram-se-lhe as portas do mundo e nunca mais parou de pintar. A sua arte foi admirada em muitas galerias e certames de Portugal, mas também na Holanda, Eslováquia, Quebec e França, entre outros pontos do planeta.

O sobrinho Carlos

“O meu tio gostou sempre de pintura e desde criança pintou e desenhou, embora não possuísse qualquer formação académica ou qualquer outra”, disse a O SETUBALENSE o seu sobrinho Carlos Pé-Leve, também ele pintor, escultor e ceramista.

Aliás, os Pé-Leve são uma família de artistas, já que também os irmãos e pai do João se entregavam a uma qualquer forma de arte, sobretudo, à pintura.

“Quando o meu tio era pequeno e dava-lhe para pintar, o pai ajudava-o. Curioso também é o episódio em que ele aproveitava a terra molhada pela chuva para fazer desenhos com um pau, com os miúdos da escola sentados nos muros a admirar a cena. Nessa altura, gostava muito de desenhar touradas”, adianta o sobrinho.

Quanto a Carlos Pé-Leve, tem um atelier em Almada. “Não consigo agarrar-me a uma área durante muito tempo. Quanto tenho uma exposição pela frente, então sim, trabalho só para ela”, confessa.

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