Presidente da União das Freguesias de Setúbal considera que se deve “valorizar as pessoas que ainda resistem”

A Mostra das Tradições Marítimas arrancou na manhã de ontem com a deposição de flores no Memorial aos Pescadores Setubalenses Desaparecidos no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, momento durante o qual o presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, aproveitou para afirmar que se deve “valorizar as pessoas que ainda resistem”.

“Muitas delas já são pessoas com uma certa idade. Os pescadores cada vez são pessoas mais idosas e algumas já deviam estar em casa”, explicou o autarca.

Em seguida, referiu que uma das actividades previstas no programa da Mostra das Tradições Marítimas, a decorrer até 18 de Junho, passa por receber cerca de quatro mil crianças de várias escolas e ensinar-lhes como funcionam as várias actividades no mar em Setúbal.

Este evento tem como objectivo “mostrar aos mais jovens o que é que são as tradições marítimas” de Setúbal. “Como é que se largam redes, apanham chocos, fazem armadilhas, consertam as redes e os barcos de madeira” são algumas das actividades em que os mais novos vão poder participar, disse o presidente da autarquia, uma das responsáveis pela organização do certame.

Além disso, vão ainda estar presentes biólogos para explicar “a parte mais científica da situação” e para sensibilizar para a “poluição e a conservação da sustentabilidade do mar”.

Rui Canas relembrou ainda que a Mostra das Tradições Marítimas “é talvez das iniciativas mais importantes que a União das Freguesias faz”, sendo esta a oitava edição. Também a Junta de São Sebastião colabora no evento e o seu presidente, Nuno Costa, clarificou que dado a freguesia ter “uma tradição piscatória já muito antiga, ancestral”, é com “satisfação” que participam na organização e na partilha desta tradição.

O facto de a mostra ser “extremamente inclusiva”, direccionada para todas as faixas etárias e de ter uma componente “cultural muito forte”, ao dinamizar o convívio, a gastronomia e espectáculos, foram factores que também levaram a autarquia a querer participar na iniciativa.

Nuno Costa destacou a vertente educacional “muito importante” da Mostra das Tradições Marítimas, também enfatizada por Rui Canas, através da dinamização de actividades ligadas ao mar para as escolas, como workshops, actividades no rio, aprender as tradições da pesca e aquilo que pode ser prejudicial para o rio e para o ambiente.

O presidente da Junta de São Sebastião referiu ainda que esta iniciativa “mostra as tradições marítimas às comunidades”. “Vem trazer o conhecimento que nós queremos que as pessoas tenham das tradições e da economia do mar que falam muito, mas depois desconhecem e, efectivamente, na prática não agimos para que as pessoas se dediquem à economia do mar, que é uma economia fundamental para o desenvolvimento do País”.

A Junta do Sado participa este ano, pela primeira vez, na organização do evento, sendo que Marlene Caetano, presidente da autarquia, apontou que a freguesia “tem uma grande comunidade de gente que trabalha no mar”.

A autarca destacou também que é “extremamente importante” as escolas e crianças da freguesia do Sado participarem nas várias actividades e ficarem a conhecer as práticas marítimas que alguns dos seus familiares fazem ou fizeram, como conhecer as embarcações, a história passada e mais presente e “assistir a uma sensibilização com os cuidados a ter com o mar”, de maneira a “preservar estas tradições”.

A Mostra das Tradições Marítimas realiza-se de 31 de Maio até 18 de Junho e conta com um programa recheado de actividades, como exposições, gastronomia, animação musical, actividades náuticas, oficinas educativas e acções de sensibilização