A oferta cresce nas áreas de produção audiovisual, tecnologias e programação de sistemas de informação, logística e tecnologias de laboratório químico e biológico
A começar em Novembro, os cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) a ministrar pelo Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) chegam este ano aos concelhos de Amadora, Loures e Vila Franca de Xira, no âmbito da Plataforma de Ensino Superior Politécnico na zona norte de Lisboa.
“Já marcamos presença no Alentejo Litoral, em Sines, Grândola e Ponte de Sor há alguns anos. A nossa oferta tem vindo a ser deslocalizada e este ano houve a possibilidade de criar e integrarmos a plataforma Lisboa Norte, constituída pelos politécnicos de Leiria, Tomar, Santarém e Setúbal”, começa por dizer dizer Ângela Lemos, vice-presidente do IPS no domínio dos assuntos académicos, a O SETUBALENSE.
“Somos quatro instituições a tentar dar resposta a uma necessidade da cidade e da zona de Lisboa que não tem cursos técnicos superiores profissionais como resposta pública”, acrescenta.
Orientada para a oferta de proximidade de formações curtas, a nova rede, que tem como objectivo reforçar o ensino superior nestes territórios, disponibiliza mais de 35 cursos em oito concelhos, para um universo de cerca de 900 estudantes.
No caso do IPS, estarão abrangidos cerca de 100 estudantes, com oferta de CTeSP em regime pós-laboral nas áreas de produção audiovisual, tecnologias e programação de sistemas de informação, na Amadora, de logística, em Loures, e de tecnologias de laboratório químico e biológico, em Vila Franca de Xira.
Cursos procuram dar resposta às necessidades da região onde se inserem
A nova oferta formativa, apoiada financeiramente por fundos europeus dos Programas Operacionais Regionais Centro, Lisboa e Alentejo e do Plano de Recuperação e Resiliência, conta com colaboração de várias empresas e escolas profissionais com sede nos concelhos abrangidos.
“O último dos quatro semestres do curso é dedicado ao estágio, numa organização local, desde a indústria às empresas, das organizações sociais à área da saúde, estabelecendo-se assim uma forte relação de proximidade com a região”, explica.
“Estes cursos foram criados numa lógica de resposta às necessidades da região, pelo que há uma parceria obrigatória e implícita com as empresas e a região”, continua, acrescentando que “temos tido oportunidade de ir auscultando os nossos parceiros e criando, à medida, de acordo com as necessidades do mercado, novos CTeSP ou deslocalizando os já existentes”.
De acordo com Ângela Lemos, as metas para 2030 passam por conseguir que “60% dos jovens com 20 anos estudem no ensino superior e esta é uma resposta muito real às necessidades dos estudantes, permitindo-lhes o prosseguimento dos seus estudos”.
“Desde 2014, a nível nacional, mais de 30 mil jovens já ingressaram em CTeSP e uma percentagem muito considerável ingressa nas licenciaturas, pelo que há neste sentido uma possibilidade de qualificar e requalificar, assim, a nossa população activa”.
Na Amadora, os cursos serão leccionados na Escola Profissional Gustave Eiffel, enquanto em Loures terão lugar no Instituto Profissional de Transportes (IPTrans) e em Vila Franca de Xira no Agrupamento de Escolas de Forte da Casa.
“Estabelecemos um compromisso tripartido entre o ensino superior através dos institutos politécnicos, as autarquias e o ensino profissional”, diz. Os CTeSP são cursos de dois anos (não conferentes de grau académico) com cerca de 75% das horas práticas, estágio incluído, que permitem, além do desenvolvimento de competências ligadas aos territórios, o prosseguimento de estudos para licenciaturas, a formação ao longo da vida e o acesso qualificado ao mercado de trabalho.
“Surgem em 2014 pela necessidade de dar resposta aos estudantes do ensino profissional. Apesar de não ser exclusivo para eles, foram criados como uma forma de lhes proporcionar mais uma resposta. Sempre numa lógica de prosseguimento de estudos”, conta.
“Por um lado, proporciona a possibilidade de entrada no mercado de trabalho com qualificações, os CTeSP conferem uma qualificação de nível cinco. Por outro, é dada também a estes alunos a possibilidade de prosseguirem os estudos.
Por serem considerados alunos do ensino superior, têm ainda nestes cursos a possibilidade de poderem prosseguir para licenciaturas sem terem de fazer exames de acesso, uma vez que o acesso é feito enquanto titulares de um curso técnico superior profissional”, adianta.
Ligação à instituição é considerada componente importante
Para o IPS, “é importante a ligação destes estudantes à instituição”. “São estudantes de ensino superior, têm todos os direitos e deveres de um estudante de ensino superior mas efectivamente o facto de estarem deslocalizados afasta-os do campus e da vida do ensino superior”.
Nesse sentido, o objectivo do politécnico de setúbal é que ao longo dos anos lectivos os alunos possam vir ao campus algumas vezes, “ter algumas aulas em formato presencial, nos laboratórios, para que possam usufruir dos equipamentos, o nosso core e o nosso know-how mas também do espaço e vida académica, para que se sintam parte da comunidade académica e experienciem o quotidiano do ensino superior, conjugando as relações pessoais com o desenvolvimento de competências técnicas e científicas”.