Comunidade educativa manifestou-se junto aos portões do estabelecimento de ensino
Os professores, assistentes operacionais e técnicos da Escola Secundária Lima de Freitas, em Setúbal, voltaram ontem a estar em greve, realizada com um “gosto amargo” devido à nova decisão da Comissão Arbitral, nomeada pelo Ministério da Educação, que consiste na obrigatoriedade de garantir “os serviços mínimos” nos estabelecimentos escolares, o que “impossibilita a paralisação completa”.
Um protesto que levou também a não haver aulas na Escola Secundária D. João II, em Setúbal. Por se tratar de uma greve generalizada, a Lima de Freitas não teve condições de começar, nem de prosseguir, com as aulas, o que fez com que os alunos tivessem de abandonar o recinto.
Os professores e os restantes participantes, apesar de terem continuado dentro das imediações, depressa saíram até aos portões para fazerem ouvir as contestações da actual insatisfação que sentem.
A união de todos os que leccionam e trabalham naquele estabelecimento de ensino era visível, com a voz comum de todas as reivindicações que acompanham a comunidade educativa desde Dezembro a pairar entre os presentes.
“Existem muitas dúvidas em relação àquilo que são os serviços mínimos, já que estes dependem essencialmente da escola e dos técnicos que cada uma possui. Em princípio terão de ser as direcções de cada instituição a decidir como é que esses serviços vão funcionar”, explicou Hélder Abrantes, delegado sindical do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), a O SETUBALENSE.
O delegado sindical acrescentou ainda que “greves e outras formas de luta alternativas” estão a ser ponderadas, de modo a ser entendido quais são as opções futuras de se fazer ouvir o “mal-estar e as contestações” da comunidade educativa.
Já Paula Ribeiro e Maria João, assistentes técnicas, em conjunto com Cristina Uliana, assistente operacional, revelaram a O SETUBALENSE que a decisão tomada pela Comissão Arbitral é uma “limitação ao direito de greve muito séria”, visto que a escola “tem o papel de educar pela liberdade” e que é “impossível o fazer, já que estão a retirar a própria liberdade” da comunidade educativa.
Enquanto isso, Sandra Resende, professora de matemática há 20 anos, levantou a problemática da “ausência de ajuda de custos” a docentes que se deslocam para fora das suas áreas residenciais e que este factor, “onde os professores andam com a casa às costas”, é uma “violência extrema”, pelo que as famílias “não estão dispostas nem têm de ser obrigadas” a deslocar-se para as zonas onde os professores são destacados.
O critério imposto pela Comissão Arbitral irá entrar em vigor esta quarta-feira, pelo que daí em diante, apesar de os alunos estarem sujeitos a não terem aulas devido à greve dos professores, as escolas irão estar abertas com serviços ainda por revelar.