A inauguração à meia-noite na Casa da Cultura, marcou o arranque de um mês inteiro de “afirmação da criação”. O ilustrador António Jorge Gonçalves acolheu os visitantes, explicou a mostra e até desenhou ao vivo
A Festa da Ilustração, que está a decorrer em Setúbal até dia 02 de Julho, arrancou à meia-noite, de sexta-feira para sábado, com a inauguração das exposições ‘Subway Life’, ‘A Minha Casa Não Tem Dentro’ e ‘Desenhos Efémeros’, de António Jorge Gonçalves.
O ilustrador guiou os visitantes presentes pela “quatro fases” da mostra – as três exposições e um espaço onde apresentou um filme dos mais diversos locais e situações em que já desenvolveu a sua arte – e terminou a noite a desenhar ao vivo.
‘Subway’, a exposição de Jorge Gonçalves que mais espaço ocupa na Casa da Multura, mostra os desenhos de pessoas anónimas feitos em 10 cidades de vários pontos do mundo. O artista começou a desenhar pessoas no metro de Londres, ao acaso, e depois replicou o método em todas as outras metrópoles que percorreu.
O resultado está á mostra nas paredes da Casa da Cultura, com os desenhos ampliados, e, com os cadernos de originais também visíveis para o público. As páginas em que o António Jorge Gonçalves desenhou estão expostas numa vitrine ao centro do espaço.
A abertura oficial da Festa da Ilustração contou com a presença do vereador da Cultura da Câmara de Setúbal, Pedo Pina, e dos artistas ligados á organização, José Teófilo Duarte, João Paulo Cotrim e Jorge Silva.
Com um “simbólico” cravo na mão, o autarca apresentou a Festa da Ilustração como uma “afirmação de liberdade” e da “criação artística”, que constitui “um grande orgulho para a cidade”. Segundo Pedro Pina, a “grande maratona” que se iniciou no fim-de-semana só é possível porque “queremos ter uma festa desta dimensão”.
O responsável pelo pelouro municipal da Cultura destacou a preocupação da organização de levar o certame aos pontos mais diversos da cidade, dando como exemplo a parte superior do Convento de Jesus, que vai receber a exposição ‘Ilustração Portuguesa’ – uma mostra que o ilustrador, e também membro da organização, João Paulo Cotrin, destacou particularmente e que é inaugurada no próximo sábado, dia 10 -, e que os visitantes vão ter oportunidade de ver, a propósito da mostra, um espaço que se encontra fechado há muito tempo.
José Teófilo já tinha dito precisamente que “a ideia é encher a cidade de desenhos e ilustrações originais”.
Como comissário da exposição ‘Pavia’, que é inaugurada dia 10 na galeria Municipal do 11, Jorge Silva, apresentou Manuel Ribeiro de Pavia, o artista desaparecido em 1957, com 50 anos de idade e que faleceu precisamente no dia do seu aniversário.
Jorge Silva sublinhou a “qualidade” do trabalho de Pavia, autor que adoptou o nome da terra, no Alentejo, onde nasceu, e que ficou como “uma espécie de mito, o ilustrador por excelência” e que “morreu na miséria”. Pavia “foi mitificado”, segundo Jorge Silva, muito graças à edição especial que a revista ‘Vértice’ dedicou á sua vida e obra após o falecimento.
Esta exposição conta com mais de 300 peças, basicamente “gentes do Alentejo”, que foi o que Pavia mais desenhou.
A Festa da Ilustração deste ano apresenta 14 exposições de trabalhos feitos tanto por ilustradores profissionais e conhecidos, como por alunos, muitos de quatro agrupamentos de escolas de Setúbal e outros de 9 escolas de arte de todo o país, e até por reclusos da prisão de Setúbal. João Paulo Cotrim, da editora Abysmo, destaca a “cada vez maior atenção à área da ilustração” por parte das escolas superiores de artes, o que tem reflexo nesta edição da feira, que “bateu o recorde de escolas participantes”.
Nesta terceira edição o certame mantém o lema “É preciso fazer um Desenho?”.
Exposições e locais
Até 1 de Julho, a Casa Bocage expõe ‘Ensemble Sketchbook’, uma mostra dos esquiços dos ensaios do Ensemble Juvenil de Setúbal, no âmbito do Festival da Música de Setúbal, desenhados por José Minderico, e Casa do Largo, no Largo José Afonso, recebe a exposição de Bráulio Amado, ‘Cartazes 2016/17’, vai estar patente na. Os cartazes que o artista concebeu para diversas partes do mundo estão também em exposição na Galeria Abysmo, em Lisboa, que funciona como extensão da Festa da Ilustração.
Durante o mesmo período, o renovado Museu do Trabalho Michel Giacometti recebe ‘Resumo da Matéria Dada’, com trabalhos do ilustrador Baltasar, enquanto a Biblioteca Pública Municipal mostra “Fora de Muros”, que reúne ilustrações de 19 reclusos do Estabelecimento Prisional de Setúbal.
Até 2 de Julho, a Galeria Municipal do 11 acolhe uma exposição do já falecido autor, Manuel Ribeiro de Pavia, a inaugurar às 19h00, com a participação do Grupo Coral Alentejano “’migos do Independente’, no ano em que se assinam 110 anos do nascimento e 60 de morte do autor. A mostra, intitulada ‘Pavia’, está também disponível para visitas guiadas nos dias 17 e 24 de Junho, às 19h00.
No mesmo período de tempo, a Galeria Municipal do Banco de Portugal mostra ‘Pintado de Fresco’, colectiva dos ilustradores da região, os Lavadouros de Azeitão têm uma colectiva de diversos ilustradores, enquanto a ‘Mostra da Festa da Ilustração’ está patente no Centro Comercial Alegro.
Do certame faz igualmente parte um programa educativo para as crianças, na Casa d’Avenida, com a apresentação do projecto “Quase Nuvem”, da Escola Básica du Bocage, nos dias 6 e 8 de Junho, às 10h00, com a realização de um conjunto de ateliers e visitas guiadas às exposições, para jardins de infância e escolas do 1.º ciclo.
No dia 9, tem lugar o encontro sobre ‘Ilustração Hoje’, no âmbito do ciclo Muito Cá de casa, iniciativa que decorre às 22h00, na Sala José Afonso da Casa da Cultura.
De 10 Junho a 2 de Julho, a exposição ‘Anúncios Classificados’, composta por uma selecção de anúncios ilustrados entre 1895 e 1960 feitos pelos melhores artistas portugueses, oriundos da colecção do investigador Jorge Silva, vão estar patentes no cais 3 do porto de Setúbal, que acolhe, durante o mesmo período, a ‘Ilustra 33’, colectiva de 33 ilustradores nacionais.
São também inauguradas no dia 10, no Convento de Jesus, a exposição “Ilustração Portuguesa” que mostra num total de 150 ilustrações de 80 artistas o que de melhor foi publicado em Portugal em 2016, e a exposição “TPC” que dá a conhecer os trabalhos desenvolvidos por alunos de cursos de artes.
No dia 11, às 10h00, Ana Pêgo conduz o atelier ‘Plásticus Maritimus’, no dia 17, às 16h00, o texto “Aldeia Flutuante do Povo Cachalote”, de Afonso Cruz, é o mote para outro atelier às 16h00, na Casa d’Avenida, e no dia 24, pelas 16h00, Ana Férias conduz a oficina ‘Little Shadow Tales’.