A Culsete voltou a abrir as suas portas esta terça-feira. No Dia Mundial do Livro, várias foram as pessoas a visitar a tão querida livraria setubalense e o nosso jornal não quis faltar
“Porque os livros merecem que a sua homenagem se faça numa casa que é a sua”, a Culsete reabriu esta terça-feira. O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO esteve à conversa com Rita Siborro e Raul Reis, os actuais responsáveis por dar a merecida continuidade à livraria, que fizeram o balanço deste primeiro dia e falaram sobre os projectos que têm em mente para esta nova etapa.
Comemorações do Dia Mundial do Livro trazem Culsete de volta à cidade
Numa data “simbólica para todos aqueles que gostam de livros e de cultivar a leitura”, a Culsete iniciou um novo ciclo. “A decisão de abrir neste dia não foi tomada logo desde início. A ideia até era termos aberto a Culsete logo no início do ano mas tem sido um projecto vivido de forma muita intensa. Entretanto, pensámos que não podíamos deixar passar desta data e decidimos fazer dela a data do novo nascimento da Culsete, porque faz todo o sentido”, começa por dizer Rita Siborro, acrescentando que esta será “uma casa de livros”.
O balanço do primeiro dia foi positivo, a suscitar a curiosidade da cidade, entre os visitantes já habituais e aqueles que entram pela primeira vez na livraria. “A Culsete é uma marca muito conhecida, a maior parte das pessoas tem alguma história para contar de algo vivido aqui e tem atravessado várias gerações. Por isso, tem gerado aqui grande curiosidade As pessoas entram muito curiosas por ver o novo espaço”, refere Rita, acrescentando que o apoio recebido através das redes sociais também se fez sentir. “A receptividade tem sido boa. Mesmo as pessoas que têm a ideia mais tradicional da Culsete têm abertura para olhar para esta Culsete como uma Culsete nova e é isso que queremos”, declara Raul Reis. “Quisemos manter o legado e ao mesmo tempo criar uma Culsete nova, que traz algo de novo a este espaço e à cidade, que ganha assim um novo espaço de livraria, galeria e oficina de saberes”, adianta. Nos planos da dupla, estão oficinas de criatividade, workshops, conversas e outros eventos, que serão também “um motor para a própria livraria”, para que ela “não caminhe sozinha”.
Para Rita e Raul, uma livraria é um ponto de partida “para se fazer várias coisas, não só sempre com os livros como mote mas abrangendo uma série de conceitos relacionados com eles, com a leitura, com a escrita, e com tudo o que advém desta área cultural”. Assim, actividades como comunidade de leitores, conversas com autores, horas do conto, actividades para os mais novos, recitais de poesia, entre outras, estarão presentes no futuro próximo da livraria setubalense, que pretende vir a ter “uma oferta o mais abrangente possível, sempre dentro da área cultural”. Para além disso, a dupla de criativos pretende que a Culsete seja “um espaço reconhecido pelas pessoas, onde podem receber sempre algo de cultura, de diferente, de inovador”.
Diminuir a distância que existe entre os vários agentes: escritores, leitores e editores também é um dos objectivos da nova Culsete, onde a criatividade marcará sempre presença, a par da programação regular e variada que será divulgada já a partir de Maio. A festa de inauguração está prevista para meados de Maio e a partir dessa data poderá, entre outras actividades, visitar exposições, assistir a um lançamento de um livro e realizar um workshop na Culsete, que não deixará de parte a interacção com os restantes pólos culturais da cidade.
“Queremos que este seja um espaço com o dinamismo que cabe a uma livraria. E vamos conseguindo isso com a introdução das novidades, que vai sempre havendo no mundo editorial, mas também mudando a galeria, tendo zonas de exposição que vão abraçando diferentes conceitos”, explica Rita, adiantando que “queremos que as pessoas possam regressar todas as semanas e possam ver a livraria sempre um bocadinho diferente. Queremos que seja um sítio acolhedor, que dignifique bastante o livro e que seja um espaço onde os entusiastas por livros, como nós, gostem de regressar sempre”.
Entre as novidades está ainda o rebranding da marca. “Mantivemos o nome, que é o mais importante para nós, e também toda a estética inspirada na imagem anterior, incluindo o mobiliário, que restaurámos e a que demos uma nova vida”, explica Raul. “Criámos uma linha Culsete, de estacionário e merchandising, também para manter o legado. Reaproveitámos muito estacionário antigo, muito papel que existia em armazém, reciclando-o e fazendo cadernos novos com a nossa marca, e temos uma oferta de papelaria mais específica, entre material de escrita novo e diferente, e a aposta em marcas artesanais de blocos e cadernos. É nesse sentido que fizemos a nossa linha e é também nesse sentido que vamos trabalhar”, remata.
Direcção anterior considera que legado da Culsete não podia estar em melhores mãos
Inês Godinho, José Oliveira, Mário Ferreira e Sónia Geadas de Oliveira abraçaram o projecto Culsete entre Outubro de 2016 e Setembro do ano passado, recebendo a grande herança da família Medeiros e dando à livraria o seu cunho pessoal, moderno e criativo. “Estamos felizes e convencidos que o legado da Culsete não podia estar em melhores mãos”, refere a anterior direcção a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO, acreditando “que os projectos da Rita e do Raul serão com certeza uma mais-valia para a cultura da cidade de Setúbal”.