29 Junho 2024, Sábado

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Comando da GNR na região quer centrar acção nas pessoas

Comando da GNR na região quer centrar acção nas pessoas

Comando da GNR na região quer centrar acção nas pessoas

Tenente-Coronel Mário Guedelha

Tenente-Coronel Mário Guedelha diz que distrito oferece inúmeros desafios

 

“Somos um dos comandos do país com maior dimensão em termos de recursos, actividade operacional e dinâmicas a que está associado o distrito. Setúbal é um distrito de elevados desafios”, começa por dizer o comandante do Comando Territorial de Setúbal da Guarda Nacional Republicana, Mário Guedelha, a O SETUBALENSE.

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Nestes novos tempos, “cada dia é uma nova adaptação. Não somos enfermeiros mas somos uma força de primeira linha no combate à pandemia desde o primeiro momento”, adianta. A GNR tem vindo a realizar milhares de acções de sensibilização, prevenção e controlo de confinamento, “um trabalho invisível que se está a fazer todos os dias e a toda a hora para que a sociedade esteja protegida e as pessoas cumpram as suas obrigações”.

Ciente de que é um “elemento importante do sistema”, a Guarda Nacional Republicana acredita nas parcerias e no trabalho colaborativo. “Sabemos que sozinhos não fazemos nada, mas queremos fazer a nossa parte para que, junta com as partes dos demais, seja uma mais valia para o país e para todos”, refere o comandante, recordando o lema “Pela lei e pela grei”, pelo qual a GNR se rege: “sendo a grei o povo, é para a sociedade que trabalhamos”.

Tenente-Coronel Mário Guedelha
Fotografia de Alexandre Jesus

Lançada a 10 de Dezembro do ano passado, a nova estratégia da Guarda para o período 2020-2025 tem as suas linhas de orientação materializadas em cinco áreas: o reforço da proximidade e visibilidade; a racionalização e optimização de recursos e gestão eficiente; a modernização, desmaterialização e eliminação de redundância e desperdícios; a cooperação, colaboração e coordenação entre as várias entidades pertencentes ao seu espectro de actuação; e a sua dimensão institucional potenciada a fim de “afirmar cada vez mais a GNR como uma instituição de natureza militar, moderna, humana, próxima e de confiança”.

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O distrito pela óptica da GNR

Os grandes itinerários que o atravessam, a zona de costa, as áreas protegidas, e as infra-estruturas críticas situadas no território, de que são exemplos os parques industriais, são algumas especificidades que moldam a intervenção da Guarda no distrito. Verifica-se ainda uma “pequena diferenciação” entre a Península de Setúbal e a zona sul. “O distrito não é uniforme em termos dos desafios que coloca nem em como a densidade populacional está organizada”, informa, esclarecendo: “Não temos caça a norte do distrito, mas temos a sul. Não temos frequentemente assaltos à mão armada no sul, mas temos na Península de Setúbal. Isso traz-nos desafios diferentes e faz-nos tomar medidas e ter uma organização balanceada”.

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Tenente-Coronel Mário Guedelha
Fotografia de Alexandre Jesus

 

Combate à sinistralidade

“Estamos organizados para em cada dia contribuir o máximo para a prevenção rodoviária”, afirma. No último Relatório Anual de Segurança Interna, foram registadas 33.589 contra-ordenações rodoviárias, 3304 contra-ordenações de policiamento geral, 6758 acidentes de viação, 23 vítimas mortais, 116 feridos graves e 1747 feridos leves. O distrito tem assim um índice de sinistralidade elevado, acompanhado de um índice de gravidade dos acidentes, mortos e feridos graves igualmente alto. “Temos em curso parcerias para mitigar esta questão gravíssima da sinistralidade rodoviária”, acrescenta. Em conjunto com a Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade de Évora, que está a pilotar a investigação, a GNR encontra-se no segundo ano de um projecto europeu de avaliação da sinistralidade no distrito de Setúbal. No final, “vai dar-nos um modelo preditivo de acidentes rodoviários. Temos a intenção de trabalhar de acordo com os locais potenciadores de causar acidentes e a ciência e as tecnologias de informação podem ajudar neste sentido. Somos uma Guarda moderna e temos de nos apoiar nas tecnologias e naquilo que a ciência nos dá”.

Tenente-Coronel Mário Guedelha
Fotografia de Alexandre Jesus

Setúbal no topo da criminalidade grave

De acordo com o RASI de 2019, foram registados 13.362 crimes e realizadas 1349 detenções em Setúbal, cidade que a par de Lisboa registou mais de metade dos crimes graves. Sobre estes dados, o comandante diz que “temos em média mais de 15 mil crimes denunciados por ano. Em criminalidade grave Setúbal oferece-nos uma série de desafios, por ser normalmente o primeiro distrito a nível nacional nos últimos anos em termos de RASI”, partilha. Em actividade de repressão e combate “a este flagelo que é a criminalidade”, por ano o Comando Territorial de Setúbal realiza em média entre 1500 e 2000 detenções e regista cerca de 50.000 contra-ordenações, num total de cerca de 38.000 acções de patrulhamento durante o mesmo período. A GNR encontra-se também a analisar a criminalidade no distrito de forma a gerar um “mapa de calor do distrito onde é possível perceber em cada momento onde é que as coisas normalmente acontecem para dispor os nossos meios. Se são muitos ou se são poucos, são os que são e vamos tentar rentabilizá-los com o apoio de ferramentas tecnológicas que hoje em dia são imprescindíveis para qualquer instituição moderna como a GNR o é”.

 

Linhas orientadoras

O Tenente-Coronel Mário Guedelha iniciou funções de comandante do Comando Territorial de Setúbal a 1 de Junho. Tem presente desde o início, e para o futuro, oito linhas orientadoras para a sua acção de comando. Centrar a acção nas pessoas: “são as pessoas o melhor recurso que qualquer instituição tem. Centramo-nos nas nossas e nas de fora, através da vertente social da Guarda para criar iniciativas de apoio em termos sociais quem no distrito poderá precisar desse apoio”. Apostar no modelo de policiamento de prevenção e proximidade e dinamizar a cooperação e as parcerias distritais: “Queremos aproximar a Guarda das populações. Queremos olhar ainda com mais afinco para jovens, idosos, vítimas de maus tratos, para grupos que possam estar a ser excluídos, e queremos fazer isto de uma forma colaborativa com as entidades vivas no concelho, para chegar a resoluções que durem no tempo, que resolvam os problemas”. Promover a segurança em ambiente rodoviário: “estamos a trabalhar no sentido de tentar prevenir que os acidentes ocorram e reduzir ao máximo a sua gravidade quando ocorrem”. Garantir a protecção e conservação da natureza e do ambiente: “Temos uma estrutura própria para tratar estas questões. Queremos racionalizar os recursos que temos, sem diminuir a capacidade operacional. Tentar fazer mais com o que temos neste tema que é um mundo”. Afirmar a investigação criminal e as informações e desenvolver uma gestão equilibrada e racional de recursos: “sejam eles humanos, materiais ou financeiros, por definição são sempre escassos e as necessidades sempre infinitas. O nosso lema é fazer mais e melhor com os recursos existentes. É esse o meu compromisso com a minha estrutura de comando e com o distrito de Setúbal, com as pessoas que no distrito esperam da guarda um apoio, uma protecção e uma segurança”. Dinamização e valorização do posto territorial: “o posto é a célula base de funcionamento da Guarda”.

Comando Territorial de Setúbal em números

  • Comando Territorial do tipo 1, “a cumprir desde 1912 no distrito de Setúbal”
  • 1 Comando Distrital, 8 Destacamentos (um destacamento de trânsito e um destacamento de intervenção) e 32 Postos; 35 quartéis
  • Efectivo total de 1173, 1482 militares na reserva e reforma indexados ao CTer
  • Abrange uma área territorial de 5064 km2
  • Integra 13 concelhos, 47 freguesias, seis áreas protegidas
  • 293km em Estrada Nacional, 219 em Auto-estrada, 19km em IP e 90km em IC
  • Mais de 90 praias
  • 16 Infra-estruturas críticas – 20% das infra-estruturas críticas nacionais situam-se em zona de acção da GNR

Mais de 100 anos de história

Criada pela República há 110 anos, a GNR é a força de segurança de maior longevidade e tradição em Portugal. Depois de proclamada a República a 5 de Outubro de 1910, e de a GNR ter sido formalmente criada a 3 de Maio de 1911, foi a 2 de Maio de 1912 que a República decretou a criação de uma companhia da Guarda Nacional Republicana na cidade de Setúbal. Tal decisão foi o marco inicial da presença da Guarda na região e a 7 de Maio desse ano era publicada no Diário do Governo a autorização de organização de três companhias mistas, sendo uma delas a de Setúbal. A data é hoje a escolhida para comemorar o Dia do Comando Territorial de Setúbal.

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