Casa onde nasceu o poeta, escritor e jornalista, no Bairro do Troino, está identificada há 59 anos
Por iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal, na manhã de 22 de Junho de 1964, foi colocada uma lápide, evocando o I centenário de nascimento do jornalista, diplomata, político republicano e poeta sadino Francisco Paulino Gomes de Oliveira (1864- 1914), no edifício onde a sua mãe o deu à luz, em pleno Bairro de Troino.
No n.º 44 da Rua Paulino de Oliveira (1) ficaram eternizadas as seguintes palavras: “Nesta casa nasceu o grande poeta e escritor Paulino de Oliveira / 22-junho-1864 / 13-março-1914 / Homenagem da Câmara Municipal de Setúbal / 22-Junho-1964”.
Na presença do Governador Civil de Setúbal, Dr. Miguel Rodrigues Bastos, de autoridades oficiais, de populares e de vários descendentes e familiares de Paulino de Oliveira (e.g. sobrinhas Dora Teixeira, Paulina Santana, Moraima Esteves ou Irene de Oliveira Carvalho), o presidente do município de Setúbal, Dr. Constantino Goes, anunciou um singelo projecto de comemorações do I centenário do nascimento do escritor, sublinhando publicamente que “são os Homens, com o seu trabalho, a sua dedicação, o seu valor, que fazem as cidades, engrandecendo-as sob todos os pontos de vista. Paulino de Oliveira foi um dos que contribuíram para fazer de Setúbal o que é hoje” (2).
As cerimónias foram precedidas por uma missa celebrada pelo Padre Manuel Vieira, na Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, pelas 11 horas e 30 minutos, espaço onde o poeta foi baptizado e onde casou.
O então menino José Miguel Bastos Osório de Oliveira, bisneto de Paulino de Oliveira, ficou encarregue de descerrar a placa, após o discurso proferido por José Osório de Oliveira (1900-1964), fi lho mais novo do homenageado e da célebre feminista e escritora Ana de Castro Osório. (3)
O texto foi escrito pelo primogénito do casal, João de Castro Osório (1899-1970), que, na ocasião, não teve possibilidade de estar em Setúbal por motivos de saúde: “Queria agradecer-vos de viva voz, e não só com a minha presença, o acto de homenagem, e de justiça e carinho, que praticais para com a memória de meu Pai, o grande poeta e bom português e setubalense, Paulino de Oliveira” (4).
As palavras proferidas anunciaram uma exposição biobibliográfica, a decorrer na cidade, e elevaram o papel decisivo de Maria Manuela Madruga de Assunção Antunes Castelo Branco – pela tese que redigiu para conclusão da sua licenciatura (5) -, e de Óscar Paxeco e Guilherme Faria na perpetuação da memória e obra de Paulino de Oliveira.
Para além da exposição, em Outubro seguinte, no salão nobre dos Paços do Concelho, estava prevista a concretização de uma conferência dedicada à vida de Paulino de Oliveira. (6)
O discurso foi concluído com uma recordação. Em Dezembro de 1905, no âmbito das comemorações do I centenário da morte de Bocage, o pai levou-o à casa onde nasceu o poeta maior de Setúbal, recebendo, nesse dia, – quando ainda mal sabia ler – um exemplar dos Sonetos de Homenagem “para que eu [João de Castro Osório] aprendesse a admirar o meu «glorioso patrício e grande Poeta»”. (4)
Fonte: “Centenário do poeta setubalense Paulino de Oliveira” in Notícias de Setúbal, n.º 113 de 25/06/1964, p. 1.
Nota explicativa: Esta fotografia foi cedida por João de Castro Osório, tendo sido pela primeira vez reproduzida na edição n.º 113 do Notícias de Setúbal. A imagem foi recolhida no âmbito do II Congresso Pedagógico Brasileiro, em Belo Horizonte.