16 Abril 2024, Terça-feira
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O fantástico mundo ardente das pimentas de Francisco Silva em Fernão Ferro [com galeria]

São pimentas de praticamente todas as regiões do mundo. Nada de negócio, apenas conta o prazer do cultivo e a troca

 

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Francisco Silva, antigo projectista, residente na Torre da Marinha, cultiva mais de nove centenas de espécies de pimentas. Falando com rigor, são 923 espécies. No seu agro, localizado em Fernão Ferro, há-as de tamanhos variados, cores distintas e formas diferenciadas, com nomes que fazem lembrar paragens longínquas, hábitos exóticos e sabores nunca experimentados.

É difícil saber se haverá por perto, ou por longe, uma tal concentração de plantas, frutos (especiarias) picantes. “A ardência de algumas delas vai além de tudo o que possa vir à nossa imaginação”, avisa Francisco Silva. No mesmo terreno, embora com as devidas distâncias, a Teresa, sua companheira, consagra-se a um cultivo talvez mais romântico, mas de igual beleza polifórmica.

Conta este cultivador que a ardência destes produtos pode ser medida; “e o aparelho para a medir chama-se macromatográfico”, elucida.

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“Tenho aqui pimentas originárias de todos os continentes, excepto do australiano. Tenho-as da Jamaica e da Guiné, da Síria e do México, do Equador e do Brasil, da China e do Vietnam, sei lá eu…”

De Peitos de Moça a Biquinho Roxo

Para Francisco Silva esta sua produção não é um negócio, apenas um gosto, por isso diz que “nunca” pôs “a hipótese de comercializar as pimentas” que cultiva. “Faço-o por prazer, para aprender mais sobre elas, para oferecer aos amigos e para as trocar com outras pessoas, de vários pontos do globo, que nutrem esta mesma paixão”.

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Fala com notório entusiasmo e carinho das espécies que apurou e ajudou a vingar através de uma germinadora que ele próprio construiu: Pénis Peter Red, Rocoto, Purple Ufo, Fatau Brown, Cambuci, também conhecida por Chapéu de Bispo ou Sininho, Corno de Touro, Jindungo, Trinidad Scorpion, Caroline Reaper, Dente-de-Coiote, Peitos de Moça, Biquinho Roxo, que pode ser amarelo ou vermelho, Pimenta de Cheiro, Pimenta de Caiena…, e destrinça cada uma “pela flor, pelo porte e pela tipologia do fruto”, esclarece Francisco, que cultiva também as chamadas pimentas ornamentais, cujas flores são de rara beleza, ainda que de dimensões reduzidas.

Tudo começou em S. Pedro do Sul

Esta paixão pelas pimentas, este gosto por coleccioná-las, por tratar delas, refinar a sua pureza, para o paciente Francisco Silva nasceu “há mais de quinze anos”.

“Estava com a minha mulher Teresa nas Termas de S. Pedro do Sul, quando atentei num canteiro, onde, em vez de flores, cresciam pimentas ornamentais. Pedi uma dessas plantas ao cuidador e, chegado a casa, tirei-lhe as sementes e enterreira-as num vaso. Misturei-as com outras e elas multiplicaram-se. Tempos depois, quando de férias em Albufeira, fomos ao mercado de Loulé, onde se viam bancas muito coloridas, amarelas, laranjas, vermelhas. Reparei melhor e percebi que estavam cobertas de pimentas de variadas tonalidades. Foi talvez aí que entrei em força neste mundo. E, então, deitei-me a aprender a cuidar destas espécies, a velar pela sua pureza”, conta.

Francisco é um daqueles reformados que soube encontrar uma ocupação que o enriquece interiormente e o torna feliz. Jorge Palma escreveu há dias, nas redes sociais: “Enquanto houver estrada pr’andar, a gente não pode parar”; e Francisco Silva, cultivador de pimentas raras há quinze anos que observa este sábio pensamento.

Por José Augusto

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