Estação Sul e Sueste no Barreiro pode renascer como um novo LX Factory

Estação Sul e Sueste no Barreiro pode renascer como um novo LX Factory

Estação Sul e Sueste no Barreiro pode renascer como um novo LX Factory

Complexo ferro-fluvial continua à espera de melhores dias. Autarquia quer travar degradação da antiga estação através de parceria entre Infraestruturas de Portugal e um investidor privado

A antiga da Estação Sul e Sueste, localizada na frente ribeirinha do Barreiro, próxima ao terminal fluvial, estará prestes a receber um projecto semelhante ao LX Factory instalado em Alcântara, Lisboa.

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A nova vida do espaço estará pendente da assinatura de um protocolo entre a IP – Infraestruturas de Portugal e um privado, que será o grande investidor. Em falta está também a classificação deste complexo ferroviário que, segundo a Direcção-Geral do Património Cultural (DGCP), revelou a O SETUBALENSE, “está em fase de ser submetido à secção de Património Arquitectónico e Arqueológico (SPAA) do Conselho Nacional de Cultura”. Um processo iniciado no final de 2017.

Quanto ao privado que poderá assumir este empreendimento, fonte próxima ao executivo municipal confirma tratar-se de um investidor envolvido no projecto LX Factory que “está interessado em avançar com um projecto semelhante nesta margem do Tejo”.
Recorde-se que em 2017 o Lx Factory foi vendido. O espaço, em Lisboa, foi comprado pela Keys Asset Management à sociedade portuguesa Mainside, num negócio de vários milhões de euros.

Os pormenores do conceito a desenvolver nesta margem não estão confirmados na totalidade e em muito vão depender da já referida parceria com a IP e da catalogação da DGCP. Mas, ao que o jornal apurou no futuro a Estação Sul e Sueste irá incluir espaços de restauração, cultura ou escritórios, alguns a funcionar em antigas carruagens da Comboios de Portugal, renovadas para o efeito.

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A antiga estação ferro-fluvial, situada no final da velha Avenida de Sapadores e localizada frente aos moinhos de Alburrica, está ao abandono, e a Câmara Municipal pretende travar a degradação através de “parceiros privados, no sentido de criar uma nova dinâmica e dinamizar aquele espaço”, afirmou a O SETUBALENSE o vereador Rui Braga, responsável pela divisão de Reabilitação e Revitalização Urbana da autarquia, que tem acompanhado as várias fases deste processo.

Junto ao edifício já foram colocadas algumas carruagens e a IP está quase a chegar a um acordo com um parceiro. “Acho que agora não caberá à Câmara afirmar mais nada sobre o assunto, porque os processos que ainda se encontram na fase final de conclusão, mas tendo em conta que se trata de uma zona da cidade muito importante, estamos atentos ao desenrolar da situação”, acrescenta Rui Braga, referindo ainda que este é um processo que já está em desenvolvimento “há cerca de um ano”.

Para o vereador, a necessidade urgente de reabilitar a antiga estação “pode acabar por ser uma situação muito positiva para a cidade”, tendo em conta o volume de investimento financeiro necessário para o fazer, que classifica como “considerável”.

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“Solução credível pode ser um novo cartão de visita para a cidade”

Com esta solução em cima da mesa, Rui Braga confirma que a Câmara vê de forma muito positiva uma nova vida nascer no complexo ferroviário, com propostas que “merecem toda a credibilidade” e que vão permitir “não só a reabilitação do edificado e a preservação da nossa história, mas a criação de novas dinâmicas, postos de trabalho e estabelecer uma ligação à actividade comercial, podendo vir a ser um novo cartão de visita do Barreiro”, destacou o vereador.

Em relação à classificação do complexo ferroviário, Rui Braga esclarece ainda que, “tem várias vertentes e define um conjunto de regras que nos garante que, seja quem for que venha a intervir, terá que ter em conta que o património seja preservado”, concluiu.
A este propósito, a DGCP lembra que, de acordo com o artigo 21.º, sobre os deveres especiais dos detentores, cabe aos proprietários, possuidores e demais titulares a obrigatoriedade de “conservar, cuidar e proteger devidamente o bem, de forma a assegurar a sua integridade e a evitar a sua perda, destruição ou deterioração”, e recorda que deve ser a empresa a “adequar o destino, o aproveitamento e a utilização do bem à garantia da respectiva conservação”. Ainda assim, ao nível do edificado e no âmbito das suas competências, aquela direcção-geral adianta que “se encontra a desenvolver uma das primeiras medidas de salvaguarda, logo após o inventário”.

Aquele organismo público recorda que, “a classificação é o reconhecimento nacional do valor patrimonial de um bem cultural”, sendo desta forma “um instrumento que irá possibilitar o desenvolvimento de um trabalho longo, onde a identificação dos bens será feita mais detalhadamente, bem como a necessária definição de um plano de gestão”.
Para além do papel da câmara municipal neste processo, a instituição reconhece que “uma das entidades mais importantes para este conhecimento e futuro trabalho em rede é, sem dúvida, o Movimento Cívico de Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro”, negando à partida que existam para já quaisquer informações sobre valores necessários para que o processo possa avançar e que as primeiras medidas de salvaguarda no terreno sejam tomadas.

Início do caminho-de-ferro no Barreiro em 1855

Sobre este caso, Jorge Custódio, professor de Arqueologia Industrial da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, chegou a alertar para o facto do abandono do complexo ferroviário significar “não proteger uma herança cultural oitocentista, desde sempre relevante na história e progresso do país”.

De acordo com Paulo Martins (DGCP), recorde-se que “o início da construção do caminho-de-ferro no Barreiro, aconteceu a 11 de Setembro de 1855 e, quatro anos mais tarde, teve lugar a primeira viagem oficial da Linha do Sul”, ligando a cidade do Barreiro a Vendas Novas. Já o novo terminal rodo-ferro-fluvial data de 1995 e a antiga estação foi “abatida ao serviço” a 14 de Dezembro de 2008, aquando da inauguração do novo espaço existente, como parte do projecto de modernização da Linha do Sado.

Por Luís Geirinhas e Ana Martins Ventura

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