E190-E2, que inclui peças feitas na fábrica de Évora, por trabalhadores formados em Setúbal, foi entregue a transportadora norueguesa e fez hoje o primeiro voo na Escandinávia
Portugal e as regiões do Alentejo e Setúbal estão representados no primeiro avião dos novos E-Jets (E2) da brasileira Embraer fabricado no mundo, com peças inovadoras e componentes das asas e da união destas à fuselagem produzidos em Évora e na OGMA, em Alverca (Lisboa).
O E190-E2 é o primeiro dos três novos modelos de jatos comerciais da construtora aeronáutica brasileira a entrar em serviço (os outros são o E195-E2 e o E175-E2).
A primeira destas aeronaves do fabrico em série a nível mundial foi entregue, na semana passada, à companhia aérea regional norueguesa Widerøe, a maior da Escandinávia, que realizou esta quinta-feira (12) o primeiro voo no espaço aéreo do seu país, a partir de Aberdeen (Escócia) e com chegada a Bergen.
O novo jato, realçou hoje à agência Lusa o presidente da Embraer Portugal, Paulo Marchioto, tem peças produzidas numa das duas fábricas do grupo em Évora e componentes feitos na OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, da qual a empresa é acionista (65%).
“Em Évora, a Embraer Metálicas fabrica os revestimentos das asas do E190-E2”, indicou o responsável.
Segundo Marchioto, são “peças inovadoras no setor aeronáutico, longas e muito finas, e fabricadas recorrendo às competências nucleares da fábrica” alentejana, “únicas no grupo” aeronáutico brasileiro.
A mesma unidade fabril, acrescentou, é responsável ainda por “um conjunto de peças menores, mas de elevada complexidade”, para o mesmo tipo de avião, “fazendo uso de tecnologias avançadas de fresagem de peças em alumínio aeronáutico”.
“Na sua maioria, estas peças são montadas na área do avião onde a asa se une à fuselagem”, precisou.
Já a OGMA, disse Paulo Marchioto, “produz alguns componentes em alumínio e em titânio” para o E190-E2, integrados igualmente “na parte da estrutura onde a asa se junta com a fuselagem”.
Todas estas peças e componentes são exportados, depois, para a “casa-mãe” no Brasil, onde são montados, lembrou o representante da empresa em Portugal.
Mas a “assinatura” lusa nos novos jatos E2 não se limita a este modelo e marca também presença no E195-E2, programado para entrar em serviço em 2019, e no E175-E2, em 2021.
A fábrica alentejana de estruturas metálicas “fornece os três modelos da família E-Jets E2”, aplicando as mesmas tecnologias usadas no caso do E190-E2, enquanto a Embraer Compósitos, a outra unidade de Évora, “fornecerá o E175-E2”, revelou Paulo Marchioto,
Pela primeira vez, “um avião da Embraer para o segmento de aviação comercial terá um estabilizador horizontal”, que é instalado na traseira da aeronave, “construído na sua maioria em materiais compósitos”, a partir de Évora, salientou, referindo ainda que esse componente vai integrar “peças metálicas fornecidas pela OGMA”.
Segundo Paulo Marchioto, com a intervenção no programa E2, as empresas da Embraer Portugal, em Évora e em Alverca, “estão a fazer uso das tecnologias inovadoras” que integraram os investimentos candidatados e aprovados no âmbito do Portugal 2020, com financiamento comunitário.
Só no caso das fábricas de Évora, instaladas no Parque de Indústria Aeronáutica da cidade e inauguradas em 2012, depois de um investimento inicial de 180 milhões de euros, a Embraer viu aprovados, em 2016, dois novos projectos, num valor global de mais de 90 milhões de euros, com apoios da União Europeia, para equipar as unidades para a produção em série dos E2.
Boa parte dos trabalhadores das fábricas da Embraer de Évora foram formados em cursos específicos criados para o efeito em Setúbal e que tiveram lugar no Centro de Emprego e Formação Profissional do IEFP na antiga Barreiros.
A Widerøe, que hoje chegou à Noruega com o E190-E2, começando a voar com esta aeronave em rotas domésticas mais para o final do mês, fez um pedido de até 15 jatos E2, dos quais três para este modelo e direitos de compra para mais 12E2.
Lusa