20 Abril 2024, Sábado
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Ministro das Infraestruturas afirma BA6 como solução mais competitiva para região

Investidores alinham no parecer do Governo e assumem que novo aeroporto renovará a Margem Sul. Renasce a resposta à bolha imobiliária de Lisboa

 

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Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, afirma que o Campo de Tiro de Alcochete seria pior escolha que o Montijo para receber o projecto do novo aeroporto, “mesmo que fosse construído por fases”.

O socialista explica que a construção por fases em Alcochete exigiria investimento total realizado de uma só vez. Mais, na construção por fases “teríamos que ir mantendo ainda o [aeroporto] Humberto Delgado e teríamos que fazer a terceira ponte [sobre o Tejo] e a linha [ferroviária] de alta velocidade”. Isto porque, sem estas infraestruturas, “o que seria construído na primeira fase não seria competitivo”. O ministro assume mesmo que seria uma atitude “irresponsável”, especialmente numa fase em que “já não podemos andar a discutir localizações”.

Justificações que contrapõem a análise de Rui Garcia, presidente da Câmara Municipal da Moita, que aponta os residentes do seu concelho como a população mais prejudicada, devido ao facto de as freguesias de Baixa da Banheira e Vale de Amoreira ficarem na área abrangida pelo cone de aterragem.

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Para o também presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal, os grandes benefícios económicos apontados pelo Governo, com a construção do aeroporto no Montijo, “não passam de propaganda” e os impactos sobre o ambiente e saúde destas populações “nunca compensarão os lucros”.

Contudo, Pedro Nuno Santos defende que Alcochete e Montijo não são comparáveis “em termos de prazo e em termos de custo. Entre o prazo e o custo, é imbatível a solução a que chegamos”.

 

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Sector imobiliário espera “bolha” no Montijo e Alcochete

O sector imobiliário diz que o novo aeroporto do Montijo tem despertado o interesse de investidores no concelho, no distrito de Setúbal. O interesse é justificado com o aumento de preços na habitação, sobretudo, devido à proximidade com Lisboa.

“Nota-se que há investidores à procura de lotes de terreno ou casas para recuperar, fazer apartamentos e colocar à venda. Acho que estão a apostar no Montijo porque vem o aeroporto”, referiu à Lusa a gerente da Paula Imobiliário, que tem duas lojas no concelho.

Na visão de Paula Gonçalves, que trabalha no sector há mais de 20 anos, a explicação para este aumento da procura é a possibilidade de construção do novo aeroporto na Base Aérea N.º 6, entre o Montijo e Alcochete, até porque “grande parte” dos investidores não são da região e alguns são estrangeiros.

Também Nuno Brioso, da imobiliária Side4You, confirma que “uma maior procura de investimentos em armazéns, logística e terrenos para urbanizar”, na perspetiva de que “venha o aeroporto para depois ganharem mais-valias”.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados em Janeiro, o preço das casas no Montijo e Alcochete subiu mais de 30% nos últimos dois anos. No entanto, os agentes imobiliários discordam de que o novo aeroporto já tenha alguma influência no custo das habitações.

“Quando vem uma lufada de notícias sobre o aeroporto, realmente notamos que há uma maior procura por parte das pessoas, mas não considero que seja só o aeroporto. Atendendo aos preços que são praticados em Lisboa, as pessoas não conseguem chegar a esses valores e acabam por escolher a nossa cidade, porque fica perto e os preços são mais baratos”, explica Paula Gonçalves.

A mesma opinião tem Nuno Brioso, que admitiu um “ligeiro aumento da procura a nível de pessoas para habitação” quando são divulgadas notícias, contudo, destaque que a principal causa para a subida de preços é mesmo a proximidade com Lisboa.

“Os habitantes de Lisboa estavam habituados a comprar casa a 300 ou 400 mil euros, mas agora custam entre 600 e 700 mil euros e muitos deles já não conseguem, por isso têm de vir para a periferia”, indica.

Segundo os agentes imobiliários, no Montijo, a renda de um apartamento com três quartos custa, em média, 750,00 euros por mês, enquanto a compra ronda os 250 mil a 280 mil euros.

No concelho vizinho de Alcochete, também se tem verificado um aumento da procura e, de acordo com Nuno Brioso, os preços são até um pouco mais elevados.

“Alcochete tem menos imóveis, é mais pequeno e é um bocadinho mais caro. É uma vila mais pitoresca, tem aquele centro de vila piscatória e acaba por dar um encanto físico diferente do Montijo, que é muito maior”. Para Nuno Brioso, Alcochete está a tornar-se “numa Cascais da Margem Sul”.

Neste sentido, o agente imobiliário admite que os preços da habitação nos dois concelhos podem “subir ainda mais”, caso o novo aeroporto se concretize na localização anunciada.

“O ‘boom’ do aeroporto na procura, a vir, acontece realmente quando as coisas estiverem 100% definidas, com as obras já começadas, porque enquanto não acontecer não sei se vem para cá”, aponta.

Ainda assim, Nuno Brioso mostra-se positivo quanto aos benefícios que a infraestrutura pode trazer à Margem Sul, com a possibilidade de “mais emprego, logística e hotelaria”.

No dia 8 de Janeiro, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028. Chegava a decisão definitiva para aumentar o actual aeroporto e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.

Já no passado dia 30 de Outubro, a APA emitiu a proposta de Declaração Impacte Ambiental relativa ao aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, com um parecer “favorável condicionado”.

 

ANA rejeita 48 ME para medidas mitigadoras

 

Em recente entrevista à Antena 1 o presidente da ANA, José Luís Arnault, apontou como absurdas as agências da APA, no que diz respeito ao valor a disponibilizar pela empresa, para as medidas mitigadoras. Em causa está o orçamento de 48 milhões de euros, previsto na Declaração Impacte Ambiental.

No parecer da Plataforma Cívica BA6 esta posição tem o objectivo de “fazer crer que a APA está a ser demasiado exigente nas mitigações que vão integrar a Declaração de Impacte Ambiental Condicionada”.

O grupo de cidadãos aponta ainda que, no projecto para o Campo de Tiro de Alcochete, a APA fez exigências ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil muito além do que é agora anunciado como medidas mitigadoras para a BA6. “Só para medidas de compensação ambiental estavam identificados 261 milhões de euros contra os supostos 48 milhões (para tudo) do actual processo”, explicam.

Em comunicado os representantes de plataforma cívica acusam também o presidente da ANA de remeter-se ao papel de comentador “lançando acusações sobre o anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Marques e elogiando o actual, Pedro Nuno Santos”.

Com Lusa

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