25 Abril 2024, Quinta-feira
- PUB -
InícioRegionalNovo aeroporto promete desenvolvimento mas não escapa à polémica

Novo aeroporto promete desenvolvimento mas não escapa à polémica

O novo aeroporto do Montijo e a ampliação do porto de Sines são dois grandes investimentos que prometem reforçar a dinâmica económica do distrito de Setúbal, mas a nova infraestrutura aeroportuária está longe de ser consensual.

Num distrito que conta já com duas das maiores exportadoras nacionais (Navigator e Autoeuropa), as obras de ampliação do terminal XXI do porto de Sines e a construção do novo terminal Vasco da Gama não parecem suscitar polémica.

- PUB -

Porém, a construção do novo aeroporto no Montijo (um investimento global superior a 1.700 milhões de euros) tem sido muito contestada por ambientalistas e alguns autarcas, que defendem a sua localização no campo de tiro de Alcochete (pertencente aos municípios de Benavente e Montijo).

A favor do novo aeroporto na Base Aérea N.º6 do Montijo está o presidente deste município, Nuno Canta (PS), convicto de que se trata de um “grande investimento que irá fixar mais e melhor emprego na margem sul do Tejo, atrair novas empresas e até reduzir o fluxo de automóveis que circulam nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama”.

“Se fixarmos emprego a sul, a península de Setúbal fica menos dependente do emprego a norte”, justifica o autarca, lembrando que o arco ribeirinho sul tem de ser reforçado com “um túnel entre Barreiro e Montijo – que, embora mais caro do que uma ponte, é melhor em termos aeronáuticos, ambientais e paisagísticos – e uma ligação entre Barreiro e Seixal através do rio Coina”.

- PUB -

Contra o novo aeroporto estão várias associações ambientalistas que reclamam um estudo comparativo entre as opções Montijo e campo de tiro de Alcochete, e alegam que a solução Portela + Montijo poderá ficar esgotada rapidamente. Além disso, alertam para o perigo de acidentes aéreos devido à proximidade de milhares de aves na Reserva Natural do Estuário do Tejo.

O Estudo de Impacto Ambiental, em consulta pública até 19 de setembro, apontou diversas ameaças para a avifauna e efeitos negativos sobre a saúde da população por causa do ruído.

A Plataforma Cívica BA6 – Montijo Não lembra que, a par das questões de segurança, o ruído poderá afetar cerca de 35.000/40.000 residentes na zona do cone de aproximação, nos concelhos da Moita e do Barreiro.

- PUB -

“Se a escolha fosse Alcochete, de acordo com os estudos já realizados, seriam afetadas apenas 400 pessoas, pelo que seria um problema muito mais fácil de resolver”, diz à agência Lusa José Encarnação, membro da Plataforma.

O representante sublinha que a opção pelo campo de tiro de não é mais cara e teria uma longevidade muito maior.

“O novo aeroporto do Montijo é uma solução aberrante para o país. De acordo com os estudos de evolução do tráfego aéreo da Airbus e da Eurocontrol, a solução Portela + Montijo deverá estar completamente esgotada em 2035. É uma solução que só interessa, por questões económicas, à Vinci, a empresa francesa que comprou a ANA, Aeroportos e Navegação Aérea”, acrescenta.

A Associação de Municípios da Região de Setúbal, que representa nove autarquias, não deverá tomar uma posição oficial, pois seria difícil chegar a um consenso: dois municípios de maioria socialista, Barreiro e Montijo, já se pronunciaram a favor do aeroporto no Montijo e existe a expectativa de que os de Alcochete e Almada, também liderados pelo PS, façam o mesmo. Do outro lado, estão as câmaras comunistas, críticas da obra.

“Não faria sentido forçar uma decisão por 5-4, que seria uma posição fraturada. E a AMRS tem uma vocação de contribuir para a unidade e não para aprofundar fraturas”, justificou o presidente, Rui Garcia.

Já no sul do distrito, no litoral alentejano, é no porto se Sines que se focam as atenções quanto a obras – a expansão do terminal XXI e do novo terminal de contentores representam um investimento global de 1,2 mil milhões de euros, sendo o financiamento público de apenas 100 milhões de euros.

É também com o objetivo de tirar partido destes grandes investimentos que as câmaras do distrito de Setúbal integradas na Associação de Municípios do Litoral Alentejano – Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines – estão entre cerca de 40 entidades subscritoras da “Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial do Alentejo Litoral”, que perspetiva vários investimentos para a região.

Segundo o presidente da associação, Vítor Proença, há a perspetiva de investimentos nas áreas da energia, turismo, indústria, agrícola e agroalimentar, com um valor global superior a 1.200 milhões de euros e a criação de cerca de 1.000 postos de trabalho.

De acordo com o presidente da Comunidade Portuária de Sines, a expansão do terminal XXI vai permitir a atracação simultânea de quatro navios porta-contentores de última geração e a criação de 900 postos de trabalho.

Jorge d´Almeida referiu que a capacidade de transbordo a partir de grandes navios para navios mais pequenos, com destino a países do Mediterrâneo e da Europa Central, representa uma mais-valia para o porto de Sines e sublinhou a importância de um outro investimento, de “centenas de milhões de euros”, na instalação de um parque logístico na Zona de Atividade Logística de Sines, gerida pela agência AICEP: “Vai complementar os dois terminais portuários e atrair ainda mais cargas”.

Lusa

- PUB -

Mais populares

Cavalos soltam-se e provocam a morte de participante na Romaria entre Moita e Viana do Alentejo [corrigida]

Vítima ainda foi transportada no helicóptero do INEM, mas acabou por não resistir aos ferimentos sofridos na cabeça

Árvore da Liberdade nasce no Largo José Afonso para evocar 50 anos de Abril

Peça de Ricardo Crista tem tronco de aço corten, seis metros de altura e cerca de uma tonelada e meia de peso

Homem de 48 anos morre enquanto trabalhava em Praias do Sado

Trabalhador da Transgrua estava a reparar um telhado na empresa Ascenzo Agro quando caiu de uma altura de 12 metros
- PUB -