Os dois partidos mais votados, PS e PSD e agora de novo, a AD, tradicionalmente, apelam ao voto útil tentando convencer os eleitores que votar nos outros partidos é um desperdício. Só eles podem formar governo. E, quanto mais forte, mais estabilidade social e política, o que é um bem para todos nós, dizem.
Efetivamente, a estabilidade social é muito positiva. Mas como é que ela se consegue com as brutais assimetrias sociais que temos? Assimetrias geradas precisamente pelos sucessivos governos desses dois partidos.
O ano passado, os quatro maiores bancos privados tiveram um colossal lucro de 3 mil milhões de euros. Ainda mais 22% que no ano anterior. Simultaneamente, a pobreza aumentou exponencialmente, assim como o problema da habitação, as dificuldades no Serviço Nacional de Saúde por falta de meios, de médicos e enfermeiros, más remunerações e, por consequência, transferências para o privado e para o estrangeiro. Assim como continua a sangria de jovens. Principalmente os mais bem formados que partem à procura de melhores condições de vida lá fora, ficando o País cada vez mais pobre.
Portanto, a principal responsabilidade por este descalabro é dos dois partidos citados. Logo, o voto útil continuará a ser neles? Mas também devemos questionar se o será no novo partido da direita, a Iniciativa Liberal, ou no da extrema-direita de André Ventura. O primeiro, preconiza privatizar até a Caixa Geral de Depósitos, a TAP e só não privatiza o ar porque não pode. O outro, que interesses pode defender se não os dos seus financiadores como tem sido acusado, sem resposta, nomeadamente, por Mariana Mortágua. Aliás, o seu discurso para além de xenófobo e racista, é pura demagogia e populismo.
Mas não há voto útil e necessário? Claro que sim! O voto útil, é nos partidos ou coligações da esquerda. Naqueles que se batem efetivamente pelos direitos e interesses da grande maioria: os trabalhadores no ativo e na reforma, os pequenos e médios empresários. E até para fazerem com que o Partido Socialista faça jus ao seu nome. E, dentre estes, sobretudo o partido, a coligação, que, de longe, tem maior implantação no Movimento Sindical, no Movimento Associativo e que, desde há muito, se bate por uma economia mista. Pública, Privada e Cooperativa e que os setores estratégicos sejam bem geridos e nas mãos do Estado. Referimo-nos, evidentemente, ao PCP e à CDU.
Portanto, o voto útil, é o que gera também estabilidade social. Com exploração, não há estabilidade. Há a necessária e justa contestação.
O que também gera instabilidade, muita apreensão e angústia, é a guerra. Agora, até com episódios absolutamente impensáveis, como este em que uma multidão faminta, em vez de alimentos e agasalhos, recebe balas provocando mais de 100 mortos e feridos. E, impunemente! O terrorismo de Estado, tem cobertura.
Também não é a direita e o PS quem se batem contra a guerra. Subordinam-se ao seu principal fautor, os EUA. E também não condenam o seu grande aliado, Israel.