Segundo dados da Ordem dos Psicólogos Portugueses de 2018, 1 em cada 5 crianças é vítima de bullying no espaço escolar.
O bullying não é um problema apenas das crianças, jovens, pais ou professores. É de todos nós. É um problema da escola inteira e da comunidade civil, pois pode transformar a escola num local de medo e violência, sendo causa de grande sofrimento emocional e dificuldades sociais em crianças e jovens, podendo impedir o desenvolvimento adequado da sua personalidade e limitar o seu ajustamento psicológico, além das consequências mais imediatas para o seu bem-estar e segurança.
O rapaz de 13 anos que frequenta a escola Dr. António Augusto Louro, na Arrentela, atropelado enquanto era agredido por “colegas” não foi só vítima de bullying embora tenha trazido este tema, infelizmente já um clássico, às bocas da sociedade. Assim, não interessa aqui personalizar o rapaz de 13 anos nem a rapariga da mesma idade, de 1.75m, alegada bullie, nem da escola onde estes alunos são provenientes ou a estrada onde aconteceu o atropelamento mas sim, aproveitar o triste acontecimento para realçar as tantas vítimas sistémicas de todas as condições e convenções culturais e sociais que se refletem no ambiente que rodeia estes jovens.
Foi vítima da falta de operacionais tantas vezes reclamados pelas escolas. Sabe-se que cerca de 70% dos casos de bullying acontecem ou iniciam-se no recreio, pelo que, é essencial dotar o pessoal não docente de estratégias para uma eficaz intervenção de primeira linha que iniba o avançar destes comportamentos abusivos.
Foi vítima de uma bullie, mas também, de pares imaturos que não souberam ser protetores ou reagirem de forma assertiva contra a agressão a que assistiam e muitos incentivavam. Neste aspeto, não querendo procurar motivos, poderá importar chamar a atenção para o facto de que, durante a pandemia, os nossos jovens ficaram privados de experimentações sociais essenciais para o seu desenvolvimento emocional. Estão agora, a atravessar uma fase excitatória de vivências limite que têm tendência a acentuar processos. Não houve – de todo – uma intervenção ao nível da ressignificação da vivência pandémica e estamos todos a depositar a nossa preocupação na possível dificuldade na aquisição de aprendizagens destes alunos em detrimento das motivações e consequências das suas atitudes.
Foi vítima de carros a circular em em excesso de velocidade (para as circunstâncias) ou condutores desatentos, estradas sem quaisquer condições para circulação de peões.
Estas condições reúnem-se em grande parte do país, não são apenas um problema do distrito, e todos os dias há vítimas.
É urgente uma Estratégia nacional de combate ao bullying nas escolas que seja verdadeiramente sistémica e agregadora dos diferentes agentes comunitários, pensada e alicerçada não apenas nas escolas mas também no meio envolvente. Somos todos parte do problema até que não se estruture a solução!