Aparentemente de forma silenciosa para a população em geral, com alguma agitação no corpo docente, mas sem oposição formal, passo a passo, uma importante e estrutural revolução tem vindo ganhar forma e a consolidar-se nas escolas portuguesas desde 2016.
Sendo que a mudança é sempre um processo difícil e nem sempre convergente nas posições defendidas, existe um ponto no qual todos os intervenientes concordam: a sociedade e as necessidades futuras requerem uma nova escola, com novas metodologias que permitam o desenvolvimento de outras competências.
Os nossos jovens devem sair da escolaridade obrigatória com um lato conjunto de competências desenvolvidas, que lhes permita dar resposta às novas exigências da sociedade e do mercado de trabalho, às novas profissões, que surgem e que ainda vão surgir, as profissões do futuro, e não exclusivamente dotados de um pacote compacto de conhecimentos científicos.
Tendo início em desafios lançados a algumas escolas-piloto pelo país, uma delas na península de Setúbal, esta nova escola, que agora está em construção, resulta do maior processo democrático em educação pós-25 de abril, desde logo, porque reflete um reforço da sua autonomia, dando-lhe voz no processo de construção de novas metodologias e de novos currículos.
Na sequência deste feliz processo, foi publicado, em 2017, o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, que estabeleceu de forma assertiva os currículos dos ensinos básico e secundário e reforçou a necessidade de uma avaliação mais abrangente do processo educativo dos alunos.
Nesse mesmo diploma, foi definida a disciplina Cidadania e Desenvolvimento, a qual veio dar resposta à necessidade do desenvolvimento de competências diversas para o exercício de uma cidadania democrática.
E nesse mesmo caminho de mudança, de que poucos falam mas que é uma realidade no terreno e acarinhada pela comunidade educativa, também o DL n.º54/2018 veio obrigar a perspetivar a inclusão de todos os alunos por forma a responder à diversidade das suas necessidades e potencialidades nos processos de aprendizagem e da vida na comunidade educativa.
Apoiadas nestes diplomas e na confiança que o Governo tem vindo a depositar nos professores, muitas escolas têm vindo a promover uma autêntica revolução nas metodologias de ensino e na avaliação das aprendizagens dos alunos.
Uma rutura com metodologias educativas que advêm de séculos passados, que não motivam os jovens de hoje nem se adequam às suas necessidades. Uma rutura com processos avaliativos limitadores da valorização de todas as competências dos alunos, onde a avaliação formativa assume papel relevante. Uma aposta no empoderamento das competências transversais dos alunos, na autonomia, na responsabilidade e sentido crítico, na cooperação e resolução de problemas, ou no sentido estético e na comunicação, aliados sempre ao saber científico, técnico e tecnológico.
Tendo este último ponto, realço, assumido lugar de destaque nas opções do Governo, através da desmaterialização de manuais e consequente aposta no digital, com, por exemplo, a atribuição de material informático a todos os alunos em escolaridade obrigatória.
Todo este processo, pouco comentado e sem parangonas na comunicação social, encerra em si um enorme esforço ao nível da formação realizada nos últimos anos pelo Ministério da Educação, Centros de Formação e obviamente pelos professores. Milhares de horas de formação têm sido ministradas por forma a estabelecer uma ligação coerente entre esta nova era e a construção de uma nova escola.
Nunca as escolas tiveram tanta liberdade para adaptar os seus Projetos Educativos ao seu contexto e às suas necessidades. Nunca as escolas foram tão chamadas a participar na construção de currículos e na participação da construção de uma nova escola.
Uma revolução no ensino que está a acontecer e de que poucos falam. Uma história de sucesso nas nossas escolas, que poucos comentam, mas que é caso de estudo e exemplo noutros países da União Europeia. Um processo de mudança construído com o esforço de professores, alunos, pais e dirigentes. Um caminho trilhado pelo Governo sem medo, com determinação e pragmatismo. Um caminho certo, rumo a uma nova era, com uma nova visão e com uma nova escola.