O deputado socialista e ex-ministro da Agricultura, Capoulas Santos, foi ao programa da Antena 1 “Conversa Capital” no passado dia 11, onde foi entrevistado para a rádio pública e para o Jornal de Negócios pela jornalista da casa, Rosário Lira, e por Diana do Mar, do referido jornal.
O tema principal, foi a seca, suas consequências e formas de as minimizar. O antigo responsável máximo por aquela importante pasta durante 14 anos como ministro e 3 também como secretário de Estado, começou logo por minimizar o assunto: “Temos de relativizar o problema que é cíclico, e não é novo.”
Referiu as preocupações que sempre teve, assim como os governos do seu partido que integrou, para com os agricultores, concedendo-lhes os apoios possíveis e reclamando-os também, junto de Bruxelas, no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC).
Preocupações essas que, por certo, em sua opinião, o actual Governo ainda em funções e o próximo, irão continuar a ter, para bem de uma agricultura moderna, desenvolvida e produtiva.
Em relação à minimização dos efeitos da seca, Capoulas, referiu, com ênfase, a construção da barragem do Alqueva. O maior lago artificial da Europa, ao serviço dos agricultores e do abastecimento de água às populações da região.
Um gigantesco reservatório de água, frisou, capaz de cumprir a sua missão durante 3 anos, mesmo em tempo de seca. Um bem para os consumidores da região, para os agricultores e para o País, acrescentou.
Cremos ser relativamente conhecido, na sua grande maioria, que tipo de agricultores se trata, e a natureza da agricultura a que se dedica no perímetro de rega do Alqueva, atingindo já 120 mil hectares. E que, segundo o entrevistado, pode ir até aos 200 mil.
Não disse o senhor deputado e ex-ministro, que a grande maioria desses agricultores são estrangeiros, e que a agricultura que fazem é monocultura intensiva e super intensiva, sobretudo de olival e amendoal, que visa apenas o lucro, e quais as graves consequências para o solo, para a fauna e flora da região.
Não disse ele, nem, lamentavelmente, as jornalistas lhe perguntaram, ou referiram. Por isso, considero a entrevista muito elucidativa. Ficou bem patente a subordinação do ex-ministro e do Governo/os do seu partido, ao grande capital nacional e, neste caso, até transnacional.
Outro exemplo ainda da entrevista, foi a forma cordata e obediente que grassa por aí na comunicação social dominante.
Nestes tempos sombrios em que também as alterações climáticas se perfilam como um grave problema, por exemplo, no sul da península, segundo o professor Filipe Duarte Santos (programa, A Escala do Clima, Antena1), nos último 20 anos, houve menos 20% de pluviosidade.
As monoculturas intensivas, para além da imensa água que consomem, para produzirem ao máximo, aplicam-lhes quantidades industriais de pesticidas e fertilizantes que esgotam e contaminam os solos, eliminam fauna e flora endémicas, são um atentado ambiental naquela vasta região do território nacional.