Terceiro período: Milhares de Alunos ainda sem professor

Terceiro período: Milhares de Alunos ainda sem professor

Terceiro período: Milhares de Alunos ainda sem professor

21 Abril 2022, Quinta-feira

De acordo com Bento de Jesus Caraça, ilustre matemático nascido a 18 de abril de 1901, em Vila Viçosa, cabe ao professor contribuir para desenvolver nos alunos as mais diversas qualidades, tanto no domínio intelectual, como físico, artístico, moral e ético, preparando-os, assim, para uma intervenção ativa e consciente na sociedade.

E é exatamente isto que, apesar das condições de trabalho com que se confrontam diariamente, os professores, com o seu esforço, dedicação, empenho e, por vezes (muitas vezes), sacrifício pessoal, têm vindo a fazer.

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Porém, até ao momento, não conseguiram ouvir da parte dos nossos governantes, um simples obrigado. Pelo contrário, numa tentativa de branquear os falhanços das políticas educativas, continuamos a assistir à desvalorização social dos professores e, não raras vezes, a ataques à classe docente, desferidos por alguns profissionais da política que estão à frente do Ministério da Educação, e que mais não revelam do que um profundo desconhecimento da dinâmica das escolas e da nobre missão do professor.

Em novembro de 2021, dados de um estudo encomendado pelo Governo à Universidade Nova SBE, revelaram que, até 2030, 40% dos professores iriam reformar-se. Significa isto, que será necessário recrutar mais de 3000 docentes por ano letivo, tarefa difícil, já que a carreira docente tornou-se pouco atrativa. De facto, continuamos perante:

  • Condições de trabalho pouco favoráveis (elevado número de alunos por turma, escolas degradadas, falta de recursos humanos e materiais, …);
  • Uma formação de professores que ainda está longe de responder às necessidades da escola atual;
  • Uma componente letiva reduzida às aulas;
  • Uma perversão da componente não letiva, o que impõem aos professores um número de horas semanais de trabalho muito acima das legalmente previstas;
  • Milhares de docentes que todos os anos, com vínculo laboral precário, satisfazem necessidades permanentes das escolas;
  • Uma estrutura salarial pouco atraente;
  • Dificuldades na progressão na carreira;
  • Um regime de aposentação que não respeita a especificidade do trabalho docente.

E isto não é de agora. Verifica-se há décadas, Governo, após Governo!

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Teve início ontem o 3º período do ano letivo 2021/2022, mas milhares de alunos continuam ainda sem professores a todas as disciplinas, sobretudo os que frequentam estabelecimentos de ensino dos distritos de Setúbal e Lisboa, em que o elevado custo do alojamento impede o preenchimento de vagas com horários incompletos por candidatos que não residam nestas regiões.

Vivemos tempos difíceis.

Com a pandemia de Covid-19, a seca, a guerra na Ucrânia, o aumento dos preços de produtos essenciais e a subida dos juros, poderemos estar perto de atingir os momentos mais difíceis desta geração.

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Todavia, este conjunto de fatores adversos não pode ser desculpa para um desinvestimento em Educação, um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.

Hoje, mais do que nunca, exige-se que a escola prepare os seus alunos para uma sociedade global e digital, que os capacite com conhecimentos, atitudes e valores, para que sejam capazes de enfrentar o futuro, mas nenhuma máquina, por mais perfeita que seja, pode substituir o professor.

A presença humana do professor é insubstituível!

Urge dignificar a classe docente, condição necessária para uma Escola Pública pautada por uma educação de qualidade para todos!

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