O estender de murais artísticos ao longo de ruas, avenidas e praças, dando abrigo em grandes prédios a quem lá mora ou trabalha, não será um disparate afirmar que tem um precedente infindável – como terá sempre futuro, em pé de igualdade – nos graffitis que se multiplicam, é caso para dizer, percorrendo todos os continentes, aos milhões.
Mas há pouco um reencontro de amigos que conviveram bem jovens em Estarreja suscitou a recordação de um encanto, e encanto por não deixarem de saber que se tratava da luta pela Liberdade, e hoje podemos acrescer: e pelo 25 de Abril, porque de casa para a Escola Primária paravam sempre, decisão política (imagine-se: com 6, 7 anos!!!), do lá de lá da estrada, a relerem uma pichagem: «Liberdade para Mário Sacramento».
Não podiam deixar de vir à liça as Favelas do Rio de Janeiro, onde a bem dizer há-de estar, e desde que século?, aceite-se o risco de exagero, o primeiro dos milhões atrás contados. E um dos jovens, agora residente na Margem Sul, à Beira Sado, contou: «Numa noite avançada, num apeadeiro da Linha do Sado, a passos do Vale da Amoreira, estando eu sozinho à espera do último comboio que vinha do Barreiro, um numeroso grupo de rapazes africanos saltou a linha para o meu lado, e apontou-me o dedo: “Está giro, não está?”».
Por debaixo da plataforma, bem alongado, um manuscrito, chamem-lhe gatafunho, que não nós: “muros são mídia sem censura”.
Repto: façam a viagem.