Natural de Vila Flor no ano de 1910, médico que se especializou em estomatologia e falecido em Almada a 6/08/1992. Setubalense por adopção, dedicou-se de alma e coração a Setúbal, das suas belezas naturais e panorâmicas. Em 1938 radicou-se em Setúbal, com consultório e residência na cidade que muito amava. Adorava a poesia e composição destinada ao canto e definiu o Rio Azul, no seu livro “Panorâmica-“Poemas de Setúbal”, no seguinte poema:
“Não Há um rio na minha terra!
Só a três léguas para cada lado.
Mas eis que a vida aqui me desterra
Pra me dar um o meu terno Sado.
Rio tranquilo, rio do Sul.
De águas tão puras como um cristal.
Doutro não sei, mais claro e azul,
Rio mais belo de Portugal”.
Criou muitas amizades e bons amigos na cidade, entre eles o padre Cassiano Cabral, prior da Igreja de Santa Maria da Graça, o Major Alfredo Perestelo da Conceição, o Dr. António Gamito, que foi o reitor do Liceu de Setúbal, e outros. Com a sua grande veia poética, inebriou-se pelas águas do rio azul do Sado, que tanto adorava, com muita paixão e afecto:
“Passo os meus dias a ver-me nele.
Pelas duas margens, atento e só.
Raro me ausento, me afasto dele,
Tenho mais sorte do que Feijó”
Mais tarde, juntou-se a uma tertúlia de poetas, a “Arcadia da Fonte do Anjo”. Ainda publicou “As Flores do Rio Azul”, “Meu Liceu, Minha Saudade”, “Paisagens do Norte”, ”As flores do arrozal”, “Médicos da Seiva, “Gineceu”, “Vila Flor”, “Plectro a Jesus” e “Homem da Terra”.
Na imprensa escreveu crónicas e poesias, nos jornais O SETUBALENSE, Gazeta do Sul, Voz de Palmela e outros, e no jornal O SETUBALENSE de 19/11/90 um pouco da sua veia humorística.
Em 30 de Novembro de 1988, um grupo de amigos prestou-lhe uma homenagem, com uma placa numa rocha, num lugar que ele adorava, e que os operários da Secil denominavam a “Praia do Dr. Adão”.
Na Casa da Cultura, no 2.º andar, está patente um belíssimo enorme painel de figuras de mérito da cidade, entre elas a do Dr. Luís Cabral Adão. E assim recordo uma figura de mérito, o Dr. Cabral Adão, que gostava e estimava a cidade do Rio Azul, com uma das mais belas baías do mundo. E recordar é viver porque a vida é feita de recordações.
Viva Setúbal