Nestes difíceis tempos de pandemia, com a guerra de volta à Europa e que, por via dela, quase se impõe um discurso único, quem ouse dizer o óbvio; que ela não começou agora, tem graves antecedentes e não tem apenas um único culpado como se tenta fazer crer, é ostracizado, criticado, até apontado como apoiante de um dos contendores.
Neste contexto de falta de isenção e pluralismo da quase generalidade da comunicação social, incluindo a pública, realce-se, porque é justo fazê-lo, o programa da Antena1, “Radicais Livres”. Aliás, reconhecido pela Sociedade Portuguesa de Autores com o Prémio de Melhor Programa de Rádio de 2021.
A ideia, segundo se disse agora no início da sua 3.ª fase, moderado por Maria Flor Pedroso, foi de Jaime Nogueira Pinto.
No início, foi moderado por Luís Marinho, tendo como opositores o já citado professor, historiador, analista, e homem de direita, Jaime Nogueira Pinto, e o também muito conhecido jornalista comunista, melómano, radialista e organizador da Festa do Avante, Rúben de Carvalho. Após a sua morte, foi substituído pelo seu camarada de profissão e de partido, Pedro Tadeu.
Desde o início, dois homens com posições político-ideológicas diametralmente opostas, mas que se respeitavam e respeitam, e do confronto das suas ideias, muito beneficiam os ouvintes.
Portanto, a isenção e o contraditório, são fundamentais para uma sociedade esclarecida. Logo, para
a democracia.
A não ser assim e, desde há muito que entre nós, é pouco. Muitíssimo menos agora, repito, devido a esta guerra. Partidos como o PCP ou o PEV, quase não são ouvidos. O mesmo acontece com a organização vocacionada para estes assuntos, o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Também várias personalidades que, em relação a diversos aspetos de ordem militar ou de sanções económicas, culturais e desportivos, não alinham com o discurso único e omnipresente da generalidade dos media. Alguns exemplos: o histórico socialista Alfredo Barroso, a historiadora Raquel Varela, Miguel Sousa Tavares e militares de alta patente, como os tenentes-generais Carlos Branco e Raul Cunha, o coronel Matos Gomes e outros militares e civis, haverão.
De âmbito nacional, além do programa referido ou órgão de comunicação social, desconheço. De âmbito regional, além de O SETUBALENSE, poderá não ser o único, mas o que conheço mesmo, é este. Portanto, também um exemplo. Uma montra da região, das suas autarquias, independentemente da cor política, assim como os diversos colaborardes/opinadores.
A guerra, é sempre um assunto muito sério e grave. Claro que a desmesurada e parcial divulgação com que esta é tratada, tem a ver com os beligerantes em presença; por um lado a Ucrânia e os seus apoiantes, os EUA seus aliados e a NATO. Por outro, a Rússia. Os media dominantes, estão do lado dos primeiros.
Honra seja feita aos “não alinhados”.
A imparcialidade e pluralidade de opiniões, é fundamental para uma opinião publica esclarecida e para a paz.