Nos últimos dias assistimos incrédulos às consequências catastróficas que fenómenos meteorológicos extremos provocaram no centro da Europa. Chuvas torrenciais atingiram países como a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos causando cheias de enorme dimensão que provocaram mais de duas centenas de vítimas mortais, estando ainda desparecidas várias centenas de pessoas, o que infelizmente poderá agravar em muito estes trágicos números.
A Alemanha foi o país mais afectado, com especial incidência no estado da Renânia-Palatinado, o que nos mostra que mesmo os países mais desenvolvidos e com melhores níveis de vida e de protecção aos seus cidadãos estão também à mercê da fúria dos fenómenos naturais extremos, como aliás comprovámos em 2005 quando o furação Katrina atingiu a cidade de Nova Orleães, ceifando a vida de mais de 1800 norte americanos.
Naturalmente as consequências destas calamidades nos países desenvolvidos acabam por não ter as dimensões trágicas que temos assistido quando estas atingem países pobres e subdesenvolvidos, e principalmente as populações atingidas tem um melhor apoio e acompanhamento. Mas esta é uma prova que ninguém está a salvo das consequências devastadoras da força extrema da natureza.
Este episódio deve nos fazer parar para pensar. Estes fenómenos extremos, fruto em grande parte das alterações climáticas, estão a ocorrer a um ritmo cada vez mais rápido e com consequências exponenciais, quer em vidas humanas quer em infra-estruturas e bens materiais.
O efeito do aumento das temperaturas está a ter um enorme impacto no clima global, alterado de forma rápida e drástica os padrões que desde há muito eram registados.
Como seria de esperar vozes cépticas e negacionistas vieram contrapor mais uma vez a evidências que infelizmente se têm vindo a constatar. Claro que sempre houve cheias, inundações, secas, incêndios florestais, etc. E que o clima não é como um relógio suíço que funciona num padrão fixo e sem qualquer tipo de alteração. Porém não querer ver as evidências e todas as provas científicas existentes demonstra um alheamento incompreensível da realidade em que vivemos. É fundamental que os acordos internacionais para redução das emissões de carbono sejam cumpridos por todos para que se consiga inverter a espiral negativa que temos assistido nos últimos anos.
As catástrofes sempre aconteceram, e infelizmente irão continuar a ocorrer um pouco por todo o mundo, mas está nas nossas mãos fazer o necessário para assegurar um melhor futuro para nós e para as gerações vindouras. Estes acontecimentos mostram-nos também que a tragédia não acontece apenas em países longínquos e subdesenvolvidos, também nos pode bater à porta, pelo que a solidariedade e o apoio às populações afectas é um imperativo moral e civilizacional.