“Presos” por uma ponte! Pagar para trabalhar!

“Presos” por uma ponte! Pagar para trabalhar!

“Presos” por uma ponte! Pagar para trabalhar!

10 Março 2023, Sexta-feira

Na última semana as notícias vindas a público mostram que o número de carros a atravessar as pontes sobre o Tejo aumentou, ligeiramente é verdade, mas aumentou. Podemos olhar para os números e tirar várias conclusões, a imediata é a falta de oferta de transportes que dificulta a mobilidade e em última instância a própria coesão territorial, a segunda é também uma evidência clara da falta de oferta de emprego  na margem sul que “obriga” à mobilidade para Lisboa como alternativa.
Os últimos anos têm ditado esta tendência, se por um lado a habitação na margem sul é mais barata, a necessidade da população se deslocar para Lisboa continua evidente, uma consequência da falta de visão para o território, que continua limitado na oferta pública de transportes apesar da recente criação da Carris Metropolitana, que desde início não garante todas as rotas, horários e qualidade.
Atravessar as pontes é caro, em consequência da inoperância do Governo na negociação com a Lusoponte para evitar os já tradicionais aumentos anuais a dia 1 de Janeiro. Se analisarmos através de uma conta simples de uma passagem por dia na Ponte antiga, a uma média de 22 dias uteis de trabalho, o valor para a classe 1 fica por 44 euros, o que determina ao final de um ano 528 euros, perto de um ordenado mínimo anualmente apenas para passar a ponte, sem contabilizar combustível e parques de estacionamento se for o caso ou parquímetro.
Trabalhar ficou caro, e a lógica de falta de políticas de incentivo às empresas para se deslocarem para os concelhos a sul determinam que se pague “uma renda” anualmente para conseguir cumprir horários e estar em Lisboa a trabalhar.
Os valores dos passes não ajudam, são uma alternativa, mas limitados às greves, às enchentes, aos atrasos, à chuva e ao vento nas paragens.
Quando tentamos posicionar a qualidade de vida como uma das prioridades para os diversos Governos entendemos que o tempo e qualidade para estar com a família não são nem nunca foram um factor determinante no pensamento político de quem nos tem governado.
As politicas que têm sido desenvolvidas em Portugal limitam o desenvolvimento social, mas essencialmente limitam a ideia que parece nos dias de hoje utópica de criação de família tradicional, limitando a capacidade de gerar riqueza e com isso proporcionar mais e melhor qualidade de vida a uma família tradicional onde elementos como o trabalho, o ensino, a mobilidade e o conforto estejam em causa, obrigando à seleção inevitável de colocar comida na mesa ou ter, o que eles começam a considerar um luxo… um trabalho, uma casa e um carro.
Ns Margem sul este problema é uma evidência clara, são horas nas filas, muitos euros a ser pagos para, imaginem, essa vida básica de poder trabalhar para pagar as contas do dia a dia.
Na Margem sul querem empurrar a população para um espirito de sobrevivência que leva a que todos aqueles que têm de se deslocar para Lisboa pela manhã “rezem” ao abrir a Televisão e assistam a uma noticia que lhes transmita:
“hoje não há transito, a portagem é zero euros, podem todos ir trabalhar sem pagar”.

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