PENSAR SETÚBAL: Associação Setúbal Voz dá voz à série da RTP 1 “O Americano”

PENSAR SETÚBAL: Associação Setúbal Voz dá voz à série da RTP 1 “O Americano”

PENSAR SETÚBAL: Associação Setúbal Voz dá voz à série da RTP 1 “O Americano”

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26 Fevereiro 2024, Segunda-feira
Professor

No passado Domingo, a Associação Setúbal Voz, através do Coro Setúbal Voz e da Companhia de Ópera de Setúbal, esteve presente nos históricos Estúdios Valentim de Carvalho, para gravar a banda sonora da próxima série da RTP1 intitulada “O Americano”, que nos conta uma história passada há cerca de 30 anos e que parou o país.

Durante meses não se falou noutro assunto, quer na TV, rádios e em conversas de café, que não fosse a fuga dos reclusos, entrando o país numa paranóia colectiva.

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A 28 de Junho de 1986, seis perigosos reclusos tinham conseguido fugir da cadeia de Pinheiro da Cruz, a vinte quilómetros de Grândola, deixando para trás três guardas prisionais mortos e outros dois feridos com alguma gravidade.

Germano Raposinho, de 32 anos e a cumprir uma pena de 25 por homicídio, trabalhava na lavandaria da prisão, tendo atingido o guarda António José Paulino, com dois tiros de uma pistola escondida entre as toalhas. Outros cinco reclusos que aguardavam no pátio juntaram-se a Raposinho.

Três guardas que tentaram travar a fuga foram abatidos a sangue-frio e outro ficou ferido. Outros três foram feitos reféns e usados como escudo pelos cadastrados para chegarem ao exterior.

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Acto contínuo, dividiram-se em dois grupos de três e seguiram para Sul nas viaturas roubadas. A partir daí a polícia perdeu-lhes o rasto.

No final desse dia, depois de todas as dúvidas e interrogações, havia já uma certeza: aquela era a fuga mais sangrenta na história das prisões portuguesas; estavam a monte seis homens muito perigosos, fortemente armados e que não hesitavam em premir o gatilho.

Do grupo de seis fugitivos faziam parte dois ex-pára-quedistas, Augusto Ramalho e José Gaspar; o primeiro condenado a 5 anos por roubo e o segundo a 20 anos por assalto à mão armada.

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Carlos Pereira, cumpria uma pena de 17 anos também por assalto à mão armada. Os outros três eram algarvios: Germano Raposinho, que cumpria a pena mais pesada por homicídio, era da Quarteira; Vítor Cavaco, de 32 anos, condenado a 17 anos por vários roubos, era natural de Loulé, tal como José Faustino Cavaco, o “Americano”, condenado a 19 anos também por homicídio.

Embora Raposinho fosse, desde o início, apontado como o “cérebro” da fuga, Faustino Cavaco, “O Americano” era considerado o mais perigoso dos seis.

A polícia acreditava que, naquela altura, os seis homens já se tivessem separado. Juntos, eram um alvo mais fácil.

Já tinham cometido vários erros, mas com sorte e alguma inépcia das autoridades nenhum fora suficientemente grave para levar à sua captura. De uma forma ou de outra, tinham conseguido escapar. Só que a sorte não podia durar para sempre e chegaria a altura em que um erro seria decisivo.

No dia 5 de Agosto, foi montado um cerco em Quarteira, tendo a polícia tentado negociar com os homens, desconhecendo ainda quantos estavam barricados. Ramalho e Gaspar, os únicos ocupantes do anexo, decidiram responder a tiros de metralhadora.

A troca de tiros com a polícia terá durado cerca de 45 minutos, ao fim dos quais Gaspar resolveu entregar-se. Ramalho disse-lhe que não seria capturado. Quando Gaspar apareceu na rua, ouviu-se um tiro. O amigo tinha-se suicidado.

Carlos da Malveira foi apanhado por volta das oito da manhã logo depois de ter comprado o Correio da Manhã e A Bola num quiosque. Poucos minutos depois, as autoridades convenciam Raposinho, que estava no apartamento, a entregar-se. Nenhum dos dois ofereceu resistência.

Quatro meses depois da fuga, a polícia continuava sem pistas sobre o paradeiro dos Cavacos.

Finalmente, a 24 de Novembro, e de forma completamente inesperada, Faustino Cavaco e Vítor Cavaco foram capturados em Cruz de Assumada, perto de Loulé, numa moradia pertencente a um jardineiro da Câmara de Loulé, Rogélio Brito.

Ao contrário do que chegara a prometer ao jardineiro, Faustino não se matou. Entregou-se sem resistência. A polícia não teve de disparar um único tiro. Talvez tenha pensado no que a filha lhe dissera semanas antes, quando a encontrou a caminho da escola: “Eu só te queria pedir para nunca te matares, porque senão nunca te perdoarei”.

Foi nesse período que o retrato de Faustino Cavaco, o homem que assassinara três guardas prisionais a sangue-frio, entrou para galeria dos criminosos mais temidos de Portugal.

É esta série de 10 episódios que a Companhia de Ópera de Setúbal e o Coro Setúbal Voz irão dar voz através da música.

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