“O Chega só deve ser ilegalizado se cometer crimes – e crimes por acção, não por pensamento, ideias ou comício. A ideia de ilegalizar o Chega é totalmente estúpida e irracional”
António Barreto, Diário de Notícias
A eurodeputada socialista e candidata à presidência da República, Ana Gomes, vai avançar com o pedido de reapreciação da legalização do Chega, através de uma queixa na Procuradoria-Geral da República.
Não tenho qualquer simpatia pelo Chega; acho-o um partido fascista.
Todavia, quer a nossa esquerda doméstica, quer a comunicação social, têm vindo a cometer erros sucessivos, procurando diabolizar, invectivar e ilegalizar esse partido, não se apercebendo que com este tipo de atitudes e procedimentos, estão a fazer o seu jogo, que reforça assim o seu protagonismo mediático.
Se esse é o diagnóstico, a terapêutica utilizada não tem sido a mais correcta e eficaz. Essa passa pela procura e troca de informação, o conhecimento da História, a reflexão, o debate, a utilização dos meios de comunicação social, etc.
As escolas desempenham um papel fulcral nesse papel.
A disciplina de História tem vindo a ser progressivamente subalternizada, com a inexistência de um conjunto de conteúdos relevantes.
Existem acontecimentos históricos que são muito pouco abordados; com o Nazismo e o Fascismo, fala-se exaustivamente de Hitler, do Holocausto, de Salazar, do Estado Novo e pouco mais. Mussolini e Franco, alguma coisa; Pinochet, Videla, Gualtieri, Stroessner, Quisling, Laval, Dolfusss, Heichmann, Mengele, as polícias políticas repressivas, quase nada.
Com o Comunismo ainda é pior; personalidades e acontecimentos tais como Estaline, o Holodomor, as purgas, os Gulags, Mao, as Grandes Fomes, o Grande Salto em Frente, a Revolução Cultural, Pol Pot, os Khmers Vermelhos, os campos da morte, os Genocídios, a Coreia do Norte, o Muro de Berlim, as polícias políticas repressivas, o doping no desporto sancionado pelos Estados, praticamente não são mencionados.
Na História existe muitas vezes o risco de ser ocultada ou revisitada, revista e deturpada.
Hoje em dia existem pessoas que não desejam procurar e conhecer a verdade do passado, mas apenas um pretenso passado que se adeque e sirva essencialmente os seus objectivos e interesses ilícitos.
E essa, como tantas outras, é uma forma de desonestidade intelectual, intencional e deliberada, que deve ser sempre detectada, desmontada e combatida com veemência, por todos aqueles que procuram e anseiam pela verdade histórica. Mas isso é outro problema.
No meu Agrupamento de Escolas Lima de Freitas, por vezes lecciono a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que desempenha também aqui um papel complementar muito importante.
Fornecer informação relevante aos alunos, de forma séria e isenta, longe de constrangimentos políticos e ideológicos, promovendo a reflexão e o debate, é absolutamente indispensável.
Nas nossas sociedades democráticas, a liberdade de acesso e diversificação de informação, constituem alicerces fundamentais para a transmissão de conhecimento.
As nossas televisões, em vez de disponibilizarem programas educativos de qualidade, enveredam por outros caminhos, do tipo “folclore e circo”.
Actualmente, o Canal de História constitui uma perfeita vergonha relativamente ao tipo e à qualidade dos programas apresentados.
Cara Ana Gomes; a História ensina-nos que a pedagogia do conhecimento e não a inutilidade da proibição, são os caminhos mais eficazes para combatermos as ditaduras.