Pensar Setúbal: A nova Marina de Setúbal

Pensar Setúbal: A nova Marina de Setúbal

Pensar Setúbal: A nova Marina de Setúbal

, Professor
12 Dezembro 2022, Segunda-feira
Professor

Desde que iniciei este espaço de opinião, procurei reflectir de forma recorrente sobre a necessidade de optimizarmos a nossa zona ribeirinha, numa altura em que Setúbal ainda vivia de costas para o rio.
Hoje estamos bem melhor nessa matéria. Contudo, podemos e devemos ir mais além.
Em 2016, David Chow, um empresário macaense pretendia construir aí um espaço turístico que incluía uma marina, dois hotéis, vários espaços comerciais, culturais e desportivos, e blocos de habitações privadas, um terminal de ferries e táxi marítimo, investimento esse que não teve qualquer desenvolvimento.
E daí que li com moderada satisfação (vamos ver se não ficamos somente pelas intenções) a notícia que nos dava conta que Setúbal irá ter uma marina dimensionada para 600 embarcações e que se prolongará entre a doca dos pescadores e a doca de recreio das Fontaínhas.
A referida estrutura irá permitir a acostagem de iates até 50 metros, bem como navios de cruzeiro de pequena dimensão.
Para o efeito, foi criado em 2014, um grupo de trabalho constituído por técnicos da Câmara Municipal e Setúbal e da Administração do Portos de Setúbal e Sesimbra.
A intenção da autarquia e do porto é lançar o concurso público internacional no prazo de um ano para a construção da infraestrutura, após a conclusão dos estudos de impacte ambiental e de todos os procedimentos habituais, salvaguardando as questões mais sensíveis de natureza ambiental, dada a proximidade com a Reserva Natural do Estuário do Sado.
É também muito importante que a referida marina constitua uma ligação harmoniosa da cidade ao rio para usufruto da população, bem como promova uma efectiva requalificação urbanística de toda a zona envolvente à marina e, de uma forma geral, a toda a nossa zona ribeirinha.
Como sempre acontece, investimentos desta natureza e envergadura provocam o efeito-dominó, ou seja: atrás destes, outros se podem seguir.
Em 2007 extinguiu-se a Região de Turismo da Costa Azul, tendo sido incorporada na Região de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, o que provocou uma significativa perda de autonomia relativamente às orientações estratégicas em matéria de turismo local, tal como se previa e temia.
Se consultarem a publicidade em folhetos e na Internet, constatam que existe muita publicidade turística a Lisboa; Vale do Tejo, muito pouco e Setúbal e arredores, quase nada. Apenas umas referências fugidias às belezas da Arrábida.
Também encarei com bastantes reservas a fusão das Administrações Portuárias de Setúbal, Sesimbra e Lisboa.
Tais fusões podem potencialmente conduzir a mais do mesmo; uma acentuada centralização do poder decisório, em desfavor da parte mais distante de Lisboa.
A título de curiosidade, em Maio de 2015, o porto de Lisboa recebeu pela primeira vez em simultâneo as três jóias da coroa do operador inglês Cunard Line: os navios Queen Mary 2, Queen Elizabeth 2 e o Queen Victoria.
Esta foi a terceira vez na história em que se juntam os três navios “Queen”.
Parece-me evidente que Lisboa tem vindo a ganhar progressiva importância como um porto de escala, com cada vez melhores condições para o atracamento e a estadia, sendo actualmente considerado um porto muito aprazível, aumentando dessa forma ainda mais a procura.
Um aspecto muito importante a ter em conta, foi o facto de, com este encontro de navios de cruzeiro, tenham sido geradas receitas estimadas em cerca de um milhão de euros
Um estudo realizado pelo Observatório de Turismo de Lisboa, em parceria com a Administração do Porto de Lisboa, traçou o perfil do passageiro de cruzeiro com escala em Lisboa, concluindo que efectua uma despesa diária de cerca de 100 €, um valor em que estão incluídas despesas em alimentação, compras diversas, deslocações na cidade e visitas a monumentos e museus. O estudo refere ainda que 94% dos entrevistados afirmou que um regresso à capital portuguesa era “provável ou muito provável”.
Relativamente a Setúbal, espero que desta vez o poder central não coloque entraves à concretização deste projecto, tal como sucedeu com outros no passado. Todavia, a avaliar pelas experiências anteriores, não estou muito seguro disso.
Seja como for, a concretizar-se tal projecto turístico, irá provocar uma transfiguração na nossa zona ribeirinha, para além de trazer claros dividendos económicos e geração de emprego à cidade e Concelho de Setúbal, bem como a toda esta magnífica Região dos Três Castelos.

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