Já passaram quase 9 meses desde os ataques terroristas do Hamas em solo israelita que desencadearam uma nova vaga no conflito israelo-palestiniano.
A situação na Faixa de Gaza é devastadora e as notícias que se vão conhecendo todos os dias são dramáticas. São já mais de 37.000 as vítimas mortais. Muitos são funcionários das Nações Unidas, jornalistas, profissionais de saúde e membros de organizações humanitárias. Mais de 100 mil palestinos, quase 5% da população total de Gaza foram mortos ou feridos durante a ofensiva.
Destes números, estima-se que mais de 14 mil sejam crianças. Outras 17 mil estão desacompanhadas ou separadas das suas famílias, segundo dados da UNICEF. Morreram mais crianças em Gaza nos primeiros quatro meses da ofensiva militar do que o número total de crianças mortas em conflitos em todo o mundo nos últimos quatro anos!
Como se a tragédia já não fosse dramática o suficiente, a ofensiva israelita contra a cidade de Rafah, no sul de Gaza, desde o início de maio, desencadeou cerca de 1 milhão de pessoas deslocadas.
O drama sangrento para que têm sido arrastados os povos palestiniano e israelita e o Médio Oriente precisa de ter um fim. A paz tem de ser a prioridade da comunidade internacional. Se o povo israelita sempre procurou a sua terra e a encontrou, não pode ser negado o mesmo direito a quem também sempre viveu nesses territórios.
É preciso abandonar os radicalismos, acabar com todas as formas de terrorismo e promover a moderação e cooperação, respeitar os Direitos Humanos e fazer prevalecer o direito internacional. É preciso cumprir as resoluções das Nações Unidas sobre o conflito israelo-palestiniano e dar esperança ao povo da Palestina de que é possível viver num Estado soberano, em paz e segurança, lado a lado com Israel.
Por isso, é importante que a comunidade internacional se envolva ativamente na promoção da paz, que só será possível quando o povo palestiniano vir as suas aspirações a um Estado soberano, reconhecendo igualmente o Estado de Israel e o seu direito a viver em paz.
É urgente e fundamental um cessar-fogo que acabe com a violência em Gaza!
Portugal tem, independentemente dos ciclos políticos, tido uma posição coerente de defender a solução de dois Estados. É importante que haja uma concertação de vontades para dar consistência a uma posição coletiva para que o processo de reconhecimento do Estado da Palestina possa avançar de forma segura, envolvendo organizações multilaterais e Estados individualmente. E Portugal, que tem reconhecidas capacidades de mediador e uma diplomacia de excelência, tem todas as condições para ser um promotor ativo da paz e da criação de um Estado da Palestina viável, usando a sua influência nas instituições bilaterais onde tem lugar e junto das nações com quem se relaciona bilateralmente.
São 143 países no mundo que reconhecem o Estado da Palestina. À semelhança do que fez recentemente a Espanha, a Noruega e a Irlanda, é chegada a hora de Portugal também reconhecer o Estado da Palestina como forma de pressão política para terminar a tragédia em curso há quase 9 meses.