Ordenamento do litoral

Ordenamento do litoral

Ordenamento do litoral

11 Setembro 2020, Sexta-feira
Rui Carvalheira

O distrito de Setúbal tem uma longa e bela frente atlântica com cerca de 140 km de extensão, dos concelhos de Almada até a Santiago do Cacém. Esta particularidade geográfica faz com os temas referentes à gestão e ao ordenamento do litoral tenham especial importância no nosso distrito.

Possuímos uma orla costeira que apresenta realidades diversas, apesar de na sua maioria ser composta por praias urbanas, seminaturais, naturais e selvagens, não podemos esquecer dois dos mais importantes portos no contexto nacional e claro os estuários de dois grandes e belos rios, o Tejo e o Sado.

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Mas foquemo-nos e, primeiro lugar nas praias e a sua elevada importância para um sector tão estratégico como o turismo. Temos seguramente das melhores praias do país, muitas delas de elevada beleza natural, pequenos paraísos na terra como referi num artigo anterior.

O ordenamento do litoral assume um papel prioritário na preservação desses espaços naturais, para que a sua fruição por parte dos locais e de quem nos visita não comprometa nem a paisagem e muito menos a sua fauna e flora. Todos nós temos bem seguro que não queremos replicar para as nossas praias exemplos que vemos noutros locais, onde a especulação imobiliária imperou e o turismo intensivo e de massas está a provocar danos irreparáveis nesses territórios.

A utilização responsável e racional das praias obriga-nos a pensar adequadamente nas acções que teremos de implementar. Teremos de fornecer a quem as procura um conjunto de serviços diversos e de qualidade com infraestruturas, nomeadamente, apoios de praia que se enquadrem nos territórios e que sejam funcionais aos seus visitantes. De igual modo importante é a necessidade de criar acessos e zonas de estacionamento que permitam uma conjugação entre o conforto para os utentes e a protecção do ambiente, em especial dos cordões dunares. Para além disso temos de mudar o paradigma de sazonal para uma utilização durante todo o ano.

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Porém nem só de turismo vive o litoral do nosso distrito. Outras actividades económicas como a pesca, assumem uma importância vital para as populações que a ela se dedicam. Métodos tradicionais de pesca, como a Arte Xávega terão necessariamente de ser protegidos, pois para além de serem património cultural e de identidade das populações que diariamente saem para a faina, são métodos de pesca não intensivos e que tem um menor impacto nos ecossistemas.

Como referido anteriormente, os portos do nosso distrito têm potencialidade para se tornarem importantes entrepostos de entrada e saída de mercadorias, não só para o mercado nacional, mas também a nível ibérico. É imperativo que sejam asseguradas as ligações rodo e ferroviárias necessárias à ligação desses portos com a restante península Ibérica.

O ordenamento do litoral não se resume apenas à linha costeira, mas necessitamos de investimentos em infraestruturas a montante, que terão também de contemplar o novo aeroporto do Montijo e a terceira travessia do Tejo. Mas isso já serão temas para abordarmos mais tarde.

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