Cada vez fica mais difícil fugir ao tema, a crise sanitária que atravessamos está a marcar o nosso quotidiano de tal forma que ocupou um lugar central nas nossas conversas, nos noticiários e no modo como vivemos as nossas vidas, as nossas relações familiares e profissionais.
Esta não foi a primeira doença global que a humanidade enfrentou, e seguramente não será a última. A mobilidade que temos actualmente, permitiu que este vírus se propagasse globalmente de um modo quase imediato, porém o desenvolvimento científico e tecnológico que a humanidade atingiu permitiu também encontrar uma vacina em tempo record e seguramente foi possível também obter uma elevada taxa de sobrevivência.
Após o primeiro abalo, e perante o desconhecimento sobre este novo vírus a humanidade uniu-se numa luta contra o tempo para compreender como actuava, que consequências tinha no ser humano e como poderia ser travado. No entanto esta crise revelou algumas fragilidades que durante os últimos anos fomos fomentando.
A Europa desenvolvida e envelhecida cedo se apercebeu das dificuldades causadas pela deslocalização de grande parte da produção industrial, em especial para países asiáticos, com mão de obra mais barata e mais competitiva. Esta deslocalização permitiu sem dúvida uma redução nos custos de produção, porém neste clima de urgência, a Europa viu-se privada ou com dificuldade no acesso a produtos essenciais para a protecção dos seus cidadãos.
Numa primeira fase, fomos totalmente dependentes do exterior para o fornecimento de máscaras de protecção, de ventiladores e de tantos outros artigos que durante anos a Europa foi deslocalizando com o único objectivo da maximização de lucros.Lentamente fomos tentando inverter esta tendência, sem conseguir equilibrar a balança, depois de tantos anos de desinvestimento.
O futuro traz novos e exigentes desafios quando pensamos como vamos relançar a economia europeia. Para garantir que o crescimento económico volte aos níveis pré-pandemia, e salvaguardar que num futuro que se espera longínquo voltemos a passar por dificuldades na obtenção de produtos que sejam essenciais, é imperativo que a União Europeia volte a apostar na indústria.
Somente com uma aposta nos sectores produtivos será possível voltar a relançar a economia de um modo sustentável. Isto será fundamental também para a redução da taxa de desemprego e relançar também as economias familiares.
Economias que dependam quase exclusivamente do turismo e serviços ficam mais frágeis e expostas em tempos de crise.
Não defendo que se negligencie sectores como o turismo, isso em Portugal seria mesmo muito pouco inteligente, não podemos é continuar a pôr as fichas todas no mesmo número. Diversificar os investimentos será imprescindível para a tão necessária recuperação. O distrito de Setúbal pela sua história e excelência em sectores como a indústria e agricultura pode desempenhar um papel crucial no processo de recuperação económica.