Em 2023, entrámos num novo ano com uma guerra no continente europeu, algo que não sucedia desde 1945.
A guerra da Ucrânia está a mudar, em toda a Europa, o conceito de que o Velho Continente, depois das duas guerras mundiais brutais, que destruíram dezenas de milhões de vidas, viveria de forma inabalável numa sociedade de bem-estar e de crescimento económico.
Hoje não é assim, e por isso a necessidade de reforçarmos a importância de mantermos, ao nível europeu, uma estratégia comum nas várias dimensões da política Externa e de Segurança Comum (PESC).
Sem prejuízo das parcerias que devemos incentivar e depois desenvolver, gostava de sublinhar a importância de garantirmos igualmente, na política de energia, uma estratégia que reforce a nossa segurança do abastecimento, a autonomia energética e, ao mesmo tempo, que garanta a produção endógena de energia, apostando nas diversas fontes de energia renovável, na qual temos – ao nível global – ainda um enorme potencial não aproveitado.
Estes, são a nosso ver, objetivos estratégicos essenciais para garantirmos, sem chantagens, ameaças ou receios, a salvaguarda da nossa forma de vida democrática e dos valores comuns da União, bem como a preservação da paz e a capacidade de reforçarmos a nossa autonomia negocial.
Mas estes objetivos de segurança do abastecimento de energia, e de reforço da produção renovável, necessitam de políticas europeias de livre circulação (não apenas de pessoas e bens) mas igualmente da energia. Nesse quadro vemos com muito importantes e relevantes os esforços no sentido do reforço das interligações físicas de energia que são determinantes para a criação de um verdadeiro mercado europeu de energia, assente na produção renovável (no qual Sines pode e deve assumir um papel determinante).
Ao mesmo tempo que devemos recuperar o tempo perdido neste sector da energia (a energia continua a ser o sangue da economia, como o foi na génese da nossa União Europeia, com a criação da comunidade europeia do carvão e do aço, a CECA) é essencial é reforçar a mensagem de apoio incondicional à Ucrânia nas várias dimensões – política, humanitária, militar e financeira.
Da parte de Portugal estamos firmemente comprometidos nestes objetivos da política de energia e na condenação do regime russo e na solidariedade com a Ucrânia e com o seu Povo.
Finalmente – e não menos importante- consideramos essencial atender a necessidade de fazer “outreach” com países de outras zonas do globo para combater a desinformação e influência russas. A União Europeia e os e os valores da paz, da democracia e da liberdade assim o exigem.
Temos um grande desafio pela frente. O desafio de reconquistarmos a Paz na Europa. Esse é seguramente o desejo mais importante para 2023. Bom Ano para todos nós.