O novo aeroporto no concelho do Montijo

O novo aeroporto no concelho do Montijo

O novo aeroporto no concelho do Montijo

17 Maio 2024, Sexta-feira
Docente da FDUL; Líder do Grupo do PS na Assembleia Municipal do Montijo

Na passada terça-feira, dia 14 de maio, o Governo anunciou a decisão de construção do novo Aeroporto Internacional de Lisboa, tendo escolhido como localização o Campo de Tiro. Simultaneamente, foi decidido avançar também com uma nova travessia no Tejo, com a ligação ferroviária a Espanha em alta velocidade (TGV) e com obras de expansão no Aeroporto Humberto Delgado, para acomodar as necessidades de operação daquele, enquanto a nova infraestrutura aeroportuária não fica concluída.
A decisão de construção do novo aeroporto (que se denominará Luís de Camões, em homenagem ao poeta maior da literatura portuguesa), acolhe a recomendação da Comissão Técnica Independente, constituída em 2022 pelo governo de António Costa, na sequência de uma metodologia previamente acordada com o então líder da oposição, Luís Montenegro. E pretende pôr fim a um longo período de mais de 50 anos de discussão sobre o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, em que se sucederam os estudos e as posições e resoluções políticas, mas nenhuma obra efetivamente foi feita.
A concretizar-se, como esperamos, esta opção política é histórica e extremamente positiva, para o país, para o distrito de Setúbal e para o concelho do Montijo.
Em primeiro lugar, para o país, porque permite finalmente ultrapassar o esgotamento da Portela, há muito referido pelos especialistas, e aproveitar plenamente as potencialidades que o turismo pode ter para a economia nacional. Efetivamente, de acordo dados de 2022, do INE, esta atividade económica já representava mais de 16% do PIB nacional; por seu turno, o Aeroporto Humberto Delgado já era o 6.º mais movimentado da União Europeia, tendo atingido a cifra de 34 milhões de passageiros transportados, de acordo com o EUROSTAT. Temos aqui um potencial evidente, que não pode ser estrangulado pelas limitações do atual aeroporto.
Depois, para o distrito de Setúbal e para a região. Tendo-se decidido localizar o novo Aeroporto na margem sul do Tejo, é óbvio que isto será um fator crítico para a diminuição das assimetrias face aos concelhos da margem norte, e um novo impulso para o desenvolvimento da Península de Setúbal. No quadro de outros investimentos já anunciados, com o os projetos do «Arco Ribeirinho Sul», e que urge concretizar. De resto, recorde-se que, em janeiro deste ano, um grupo de mais de 150 militantes (de todo o país, mas maioritariamente da concelhia do Montijo), apresentaram ao Congresso Nacional do Partido Socialista, uma moção setorial que reivindicava, precisamente, a opção pela margem sul do Tejo, para a nova infraestrutura aeroportuária.
Finalmente, para o concelho do Montijo. É que, ao contrário do que a referência, sempre repetida, a «Campo de Tiro de Alcochete», parece inculcar, esta infraestrutura militar não está sediada no concelho de Alcochete; mas, sim, maioritariamente em território correspondente ao município do Montijo, concretamente à freguesia de Canha. Assim sendo, abre-se aqui um enorme potencial de desenvolvimento para a nossa Terra – entre outros, em termos de criação de postos de trabalho, de melhoria de transportes e acessibilidades e de dinamização económica. Que é especialmente relevante porque pode beneficiar uma freguesia do perímetro rural (Canha), habitualmente afetada pelos problemas inerentes a essa condição.
É certo que a opção da Base Aérea n.º 6 – que muitos defendemos, com os dados apresentados pelos Governos da altura – foi afastada, por razões técnicas, que não podem ser ignoradas no debate político. Mas a possibilidade de o concelho do Montijo beneficiar, em termos de desenvolvimento, com o novo aeroporto, mantem-se intacta, e isso é uma boa notícia para os Montijenses.
Ao que tudo indica, teremos finalmente, um novo Aeroporto, no concelho do Montijo. Mas, acima de tudo, teremos uma nova infraestrutura aeroportuária para a região de Lisboa, que serve os interesses nacionais, verdadeira prioridade neste processo, e que nunca se pode perder de vista.

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