O resultado das últimas eleições legislativas, criou um novo ciclo político com resultados potencialmente preocupantes e imprevisíveis.
A desilusão com a prática política dos governos até 10 de março de 2024, formados pelos partidos do então denominados arco do poder; PS, PSD com ou sem CDS, deu origem a um novo quadro político que, apesar de previsível, foi surpreendente pela significativa dimensão do resultado do partido de extrema-direita, Chega. Ou seja, para o descontentamento que deu origem à desilusão referida, a resposta, foi muito pior a emenda que o soneto. A desejada mudança, foi ainda para pior. A amostra começou logo com o imbróglio relativo à eleição do presidente da Assembleia da República.
O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, e demais responsáveis do Partido Socialista, sempre se vangloriaram com a boa saúde da Finanças Públicas. O excedente orçamental que conseguiram. Mas sempre omitiram que esse excedente, foi à custa do sacrifício de milhões de portugueses. Daí, as lutas de tantas classes profissionais. Médicos, enfermeiros, trabalhadores da Função Pública, Forças de Segurança, professores e tantos outros.
Antes e durante a campanha, além dos partidos de esquerda, com destaque para o PCP, exigirem do Governo PS, a satisfação das reclamações desses trabalhadores e de outros, os partidos que formam a Aliança Democrática (AD), nomeadamente o PSD, também o fizeram. Mas agora, e com alguma razão, porque as suas políticas de benefício para o Estado, em detrimento dos lucros dos grupos económicos que ainda são um pouco piores que as do PS, já começaram a dizer que afinal o tal excedente não vai chegar para tudo, e que o melhor é tentarem satisfazer as necessidades mais prementes e o resto vai aos poucos. Como, por exemplo, a contagem do tempo de serviço dos professores que irá sendo satisfeita num prazo de cinco anos. Ou seja, além do tempo desta legislatura. Se chegar ao fim, dizemos nós.
Conclusão, as expectativas de mudança, são nulas. Este governo não vai bulir nos interesses do grande capital e vai manter ou piorar as legítimas aspirações e direitos dos trabalhadores e do povo em geral. Por isso, vai ter a continuada luta dos trabalhadores dos setores acima referidos e de outros igualmente explorados e mal pagos. Portanto, vai ter a natural oposição de todos os partidos da esquerda e da CGTP. E vai ainda ter à perna, a ambição desmedida pelo poder de André Ventura e do seu partido.
Já aqui o dissemos e voltamos a repeti-lo; a alternativa não está à direita. Não está nos partidos que perpetuam o sistema. Nos partidos que são representantes da minoria exploradora. Nos partidos que em conjunto com o PS, não contestam as guerras imperialistas de rapina e de tentativa de domínio. Está sim, nos partidos, nomeadamente no PCP e na CDU, que fazem propostas para o desenvolvimento do país, baseado em todas as suas potencialidades, e que se batem pela distribuição justa da riqueza.