O abominável mundo novo, começou com as promessas dos ideólogos e beneficiários do capitalismo, aquando da queda do muro de Berlim.
Com o desmoronamento da União Soviética, portanto, sem a “ameaça do comunismo”, prometeram um mundo de paz e de justiça. Depois, foi o que se viu. A primeira guerra na Europa com o desmembramento da Jugoslávia, depois o Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen, a continuação da ocupação da Palestina. Enfim, todas estas guerras com o respetivo cortejo de mortos, feridos, refugiados, destruição de países, uma imensa desgraça. Todas, com o selo dos EUA e da “sua” NATO. Até que chegámos à da atualidade, a da Ucrânia.
Todas estas guerras são condenáveis. E esta, evidentemente, não foge à regra. Mas esta, tem novos elementos. Desde logo, um dos intervenientes, é uma das mais poderosas nações do mundo. Pelo menos em armamento incluindo o nuclear. E é também, de longe, a mais mediatizada. Outro elemento, que não é novo, a continuada presença dos inevitáveis EUA e da NATO.
A comunicação social dominante, aponta o dedo apenas à Rússia e a Putin, omitindo os antecedentes. Apenas talvez os mais importantes: o golpe de Estado apoiado pelos EUA, UE e NATO que na sua sequência, colocou no poder o atual governo, os crimes da Casa dos Sindicatos de Odessa com pessoas queimadas vivas (crimes estes, perpetrados por forças nazis, como o já tristemente Batalhão Azov), a guerra civil no Dombass contra populações russófonas, os acordos sobre essa região não cumpridos, o desejo de Zelensky de que a Ucrânia seja membro da NATO, e o avanço desta, para junto das fronteiras da Rússia.
São estes os principais motivos que deram pretexto à guerra, e agora o forte apoio em armamento ao regime ucraniano, em vez de conversações para o seu fim.
Com esta guerra, entrámos plenamente na nova era do abominável mundo novo.
Seja qual for o seu desfecho, esperemos que não ainda mais catastrófico do que já é para a Ucrânia e, pelo menos, para a Europa, mas o fortalecimento da NATO, o exponencial aumento do orçamento para a Defesa dos seus Estados membros e não só, a corrida aos armamentos, não auguram nada de bom. Auguram que a potencial nova guerra fria, poderá transformar-se em guerra escaldante. E, dessa vez, não por motivos ideológicos. O capitalismo, as oligarquias, imperam tanto a oriente como a ocidente.
O que está em causa, é o domínio. Grosso modo, de um lado os EUA que continuam a liderar, a UE, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e o Japão, e do outro, a Rússia, China, que está na mira, Índia, África e América Latina.
O imperialismo norte-americano com a sua ambição de hegemonia global, é o maior perigo para a paz mundial. Mas, como é da história, os impérios têm ascensão, apogeu, e a inevitável queda.
E, nem tudo é mau! O 25 de Abril em Lisboa, foi uma agradável surpresa. Uma imensa multidão. E, com tantos jovens, como há muito não se via. Portanto, como disse o poeta, todo o mundo é composto de mudança…
Sejamos atores dela.