“Nunca considere vencida uma eleição antes de ela terminar”

“Nunca considere vencida uma eleição antes de ela terminar”

“Nunca considere vencida uma eleição antes de ela terminar”

29 Janeiro 2017, Domingo
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Este é o título de um conjunto de cinco artigos que sairão neste espaço, com o objectivo de clarificar os termos da próxima disputa eleitoral autárquica.

O pensamento do título deste artigo é da autoria do historiador e estadista italiano Francesco Guicciardini (1483-1540) cujo acerto tem sido confirmado pela prática.

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Por mais simples que a eleição seja, por mais certa que pareça a vitória, uma eleição está sujeita a incidentes, acidentes e imprevisibilidades tais que, somente, uma pessoa leviana e irresponsável pode considera-la vencida à partida.

Uma vitória é sempre o resultado da combinação do nosso acerto com o erro dos adversários. A combinação do acerto dos adversários com os erros que nós cometemos resulta na vitória deles e na nossa derrota, ainda que a eleição pareça fácil.

Se nós acertarmos na estratégia e nos métodos e se o adversário errar, a nossa vitória é mais que certa.

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No entanto, nesta equação (acerto/erro) há um pequeno/grande pormenor geralmente esquecido: entre a pretensão e a realidade encontra-se o voto do eleitor, a sua vontade, quase sempre determinada, em política, mais pela percepção do que pela realidade.

Há cinco factores que levam um candidato a considerar vencida uma eleição antes de ela terminar:

1 – Arrogância e vaidade;

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2 – Desprezo pelos adversários;

3 – Convencimento de que o desemprenho autárquico não podia ser melhor;

4 – Tomar o todo pela realidade, no que ao apoio da sociedade diz respeito;

5 – Formar opinião com base num círculo estreito, que geralmente vê tudo a cores e opina para agradar ao chefe, subestimando (por ignorância e sectarismo) a outra parte da realidade.

A fantasia da vitória atinge principalmente os governantes ou autarcas que buscam a reeleição.

Mas a história está cheia de exemplos que nos indicam quanto, em política, a percepção é mais importante que a realidade. E porquê? Porque a possibilidade de um só indivíduo adquirir um conhecimento preciso da realidade política é muito pequena, daí a percepção da realidade assumir, na política, um papel central. Muitas vezes, os eleitores não votam pelo que se fez, mas pelo que se diz sobre o que não fez ou sobre a forma como se fez.

Por exemplo nas eleições municipais de 2004 em Porto Alegre (Brasil), 76% dos eleitores apoiavam a iniciativa de Orçamento Participativo criado pelo PT e promovido como um instrumento de gestão democrática. Aos responsáveis do PT nunca passou pela cabeça não serem reeleitos. No entanto, perderam em toda a linha e bastou a José Fogaça (PMDB) defender uma coisa simples: “Vamos mudar o que precisa ser mudado sem destruir as coisas boas que a cidade teve nos últimos anos: o transporte público, o Orçamento Participativo, o Fórum Social”.

Ao captar a percepção da realidade e ao jogar com o acerto das suas propostas e os erros do adversário, Fogaça conseguiu o que ninguém acreditava.

O político que quer ser reeleito até pode vir a assegurar uma vitória eleitoral mas, atenção, só no final e depois de contados os votos se saberá.

Até lá, deve preparar-se para uma disputa eleitoral difícil onde tudo pode acontecer.

 

NOTA: No próximo artigo o tema é: “A importância da reputação do candidato”

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