Novo aeroporto: conta-me como foi.

Novo aeroporto: conta-me como foi.

Novo aeroporto: conta-me como foi.

9 Março 2021, Terça-feira
Filipe Pacheco

No episódio 22 da conhecida série da RTP «Conta-me como foi», Toni apaixona-se por Lena e o seu pai, António Lopes, decide ir falar com o pai desta, Sebastião Costa Lemos, diretor-geral num Ministério. Apanhando-o à saída de uma reunião, ouve-se um final de conversa: «Se o Governo avançar para a construção do novo aeroporto vai ser uma oportunidade para o país. […] O investimento tem de ser feito, qualquer dia a Portela deixa de ter capacidade. Resta é saber qual vai ser o local escolhido». O episódio passa-se algures entre 1968 e 1969.

A ficção da RTP retratou bem aquilo que, há época, era já uma clara necessidade. O aeroporto da Portela haveria de esgotar a sua lotação e a expansão da capacidade aeroportuária da área metropolitana de Lisboa, e do país, era vista como uma evidência e precisava de ser planeada. Passaram 53 anos desde esse tempo e 63 desde que, pela primeira vez, se começou a discutir a relocalização da Portela. O país mudou radicalmente desde aí, mas nesse aspeto continuamos praticamente na mesma, apesar da lotação do aeroporto Humberto Delgado ser hoje um consenso estabelecido na sociedade portuguesa.

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Vem isto a propósito da decisão que ficámos a conhecer, na semana passada, de que a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) chumbou a construção do novo aeroporto projetado para a Base Aérea do Montijo. A ANAC justificou a sua decisão com o que está na lei: face ao parecer negativo de duas câmaras municipais de concelhos potencialmente afetados (Seixal e Moita), «a ANAC encontra-se obrigada a indeferir liminarmente o pedido».

Mas a verdadeira razão do chumbo é outra e não tem que ver com impactos diretos nestes municípios. Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, sempre disse ao que vinha: «O aeroporto do Montijo não serve o interesse nacional». E estes dois municípios, ambos liderados por executivos da CDU, apenas deram forma à orientação do partido, pondo em causa um projeto de capital interesse para o país e para a região.

O PCP é, pois, o único responsável pelo bloqueio do novo Aeroporto do Montijo, um projeto estruturante do desenvolvimento da Península de Setúbal, que traria um fluxo considerável de pessoas e a dinamização económica em sectores como os transportes, a hotelaria e a restauração, mas também no comercio local e no turismo.

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É também por isto que a península de Setúbal e o distrito precisam, a nível local, de continuar a mudança política já iniciada, uma mudança que traga novas soluções e não repita velhas queixas, de quem se empenhe totalmente na solução dos problemas e não de quem deles queira alimentar plataformas reivindicativas. Porque a margem sul precisa de uma estratégia ofensiva de captação de investimento moderno e de emprego, em competição com os outros polos da área Metropolitana de Lisboa. E as grandes obras públicas dão-nos uma janela de oportunidade que não podemos desperdiçar.

No futuro, saberemos “contar como foi”. Foi o PCP que bloqueou, por mais algum tempo, o progresso e o desenvolvimento do nosso território.

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