Not in my backyard

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Not in my backyard

8 Julho 2021, Quinta-feira
Rui Carvalheira

Numa coisa estamos seguramente todos de acordo, o progresso não pode colocar em risco o meio ambiente, espécies animais e seus habitats, e naturalmente não pode colocar em risco a segurança de seres humanos. No entanto sabemos que toda e qualquer actividade, ou acarreta algum tipo de risco ou irá ter algum tipo de impacto. O desafio está então em que após uma análise de todos os riscos e do impacto sejam encontradas as soluções possíveis para os minimizar, e se tal então não for possível, então reavaliar o projecto em questão, estudar novas localizações ou mesmo no limite optar pelo seu cancelamento.

Existem dois principais tipos de movimentos que se opõem sempre a qualquer tipo de projecto, os por militância e os por conveniência.

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O primeiro tipo são normalmente associações ambientais que por princípio ideológico estão sempre contra qualquer projecto, mesmo quando os ganhos superam qualquer tipo de desvantagem por mais ínfima que esta seja. Alguns destes movimentos mais extremistas quase que consideram que a presença do ser humano é prejudicial ou mesmo “parasitária”. Felizmente que estes últimos são uma reduzida minoria que permitem demonstrar que todos os extremismos são perigosos e que os movimentos que baseiam a sua acção em dados científicos por vezes são de extrema importância na identificação de problemas existentes e que por qualquer motivo não tenham sido considerados e na pressão para que sejam implementadas alterações que permitam a implementação de medidas que minimizem ou eliminem os impactos negativos.

O segundo tipo de movimentos não são normalmente organizados e com um cariz mais abrangente, pelo contrário, não são formais e estruturados, focando-se apenas num problema que na maioria das vezes por proximidade os afecta pessoalmente. Estes movimentos são conhecidos nos Estados Unidos da América como “Not in my backyard”, que a tradução literal poderá ser “Não no meu quintal”. Estes movimentos normalmente não se baseiam em factos científicos, não têm em consideração nos ganhos que a comunidade poderá obter, apenas só não querem os inconvenientes, reais ou imaginários, rejeitando totalmente todos e quaisquer factos científicos que não estejam em consonância com as suas pretensões, apenas querendo os projectos bem longe da sua porta, para que possam usufruir de todas as vantagens e benefícios varrendo para bem longe os incómodos. Aceito que alguns dos receios sejam compreensíveis, em especial os relacionados com a saúde, porém quando os dados científicos demonstram o contrário, a insistência em tais receios pode ter outros interesses velados, nomeadamente imobiliários.

São vários os exemplos que temos visto nos últimos tempos e que vão desde uma ETAR, uma estrada, um parque eólico ou fotovoltaico, ou uma linha de alta tensão. Todos eles terão um impacto no meio ambiente, nos ecossistemas e na vida das populações. Teremos de assegurar que os projectos estruturantes são avaliados estritamente por critérios técnico-científicos. O progresso não pode colocar em risco o futuro, mas o futuro será melhor se for alicerçado no progresso.

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