Hipocrisia e lei da selva

Hipocrisia e lei da selva

Hipocrisia e lei da selva

, Ex-bancário, Corroios
21 Novembro 2023, Terça-feira
Francisco Ramalho

A revolução técnico-científica tem feito maravilhas em todos os campos. Tem facilitado tanto a vida que, através da medicina, até a tem prolongado. Mas, por outro lado, a fome, a falta de água potável, de saneamento básico e a morte causada por doenças curáveis tem aumentado exponencialmente. Muitos milhões de seres humanos, vivem em condições absolutamente intoleráveis porque nunca houve tanta possibilidade de se produzirem alimentos.

Mas a sede de lucro das multinacionais, fala mais alto. E é essa sede de lucro que leva à degradação do ambiente e às alterações climáticas. Por exemplo, através de extensíssimas e cada vez mais numerosas explorações agrícolas intensivas.

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Onde se tem avançado também imenso, é na indústria do armamento, da morte.

Onde não se tem avançado nada, até se tem regredido, é no humanismo. Nas relações entre as pessoas. Sobretudo, entre os povos representados por Estados.

Aí, impera a hipocrisia, a sede de domínio, a lei da selva.

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Não precisamos repetir exemplos passados como o que deu origem às duas guerras mundiais, à do Vietname, Afeganistão, Jugoslávia, Iraque, Líbia, Síria. Basta analisarmos mesmo resumidamente a da Ucrânia e o que se passa na Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza. Que, ao contrário da primeira, aquilo não é uma guerra. É mais um massacre, um genocídio, uma limpeza étnica que visa matar ou correr com aquele povo. E na Cisjordânia, através dos colonos israelitas.

Segundo as autoridades palestinianas, só nos primeiros 30 dias de bombardeamentos, as forças ocupantes que denominam pelo eufemismo de Forças de Defesa de Israel, lançaram contra a Faixa da Gaza à volta de 30 mil toneladas de bombas, 82 toneladas por quilómetro quadrado. 5O% dos edifícios foram danificados, 10% ficaram totalmente destruídos e dos 2,3 milhões de habitantes, 1,6 milhões (70%) foram obrigados a sair das suas casas. Depois foi a imensa vergonha do ataque a hospitais. Dos 10 mil mortos até então, 4000 eram crianças e 2550 mulheres.

Claro que todas as vítimas são condenáveis! Mas lembrar o que disse António Guterres: “o crime contra civis israelitas, não veio do nada”. Veio de 75 anos de ocupação, de mortes, de prisões, de humilhação. Os Hamas, formam-se assim.

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Quanto à guerra na Ucrânia, lembrar só que a sua origem, esteve na recusa da vontade da população russófona do Dombass pelo direito à autodeterminação, afogada num banho de sangue e depois com a recusa dos Acordos de Minsk.

O conflito na Ucrânia e o genocídio na Palestina, contam com o apoio dos hipocritamente arvorados defensores da democracia e dos direitos humanos, os EUA, e com a submissa União Europeia, atrelada.

Ao vergonhoso genocídio de Gaza, Netanyahu, com as costas quentes pelos referidos aliados, continua a fazer ouvidos de mercador aos apelos do Secretário-Geral da ONU, das resoluções da sua Assembleia Geral, da Organização Mundial da Saúde, do Papa, dos milhões que se manifestam por todo o mundo. O que conta é a lei do mais forte. A lei da selva.

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