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Felicitações à Diocese de Setúbal

Felicitações à Diocese de Setúbal

Felicitações à Diocese de Setúbal

7 Junho 2022, Terça-feira
Eugénio Fonseca - Presidente do Conselho Vitoriano

Tenho a consciência de que a maioria das/os leitoras/es, talvez não esteja familiarizado com o assunto que vou abordar. Mas acredito que quem sonha e se compromete com a construção de um Mundo, onde impere maior humanismo e maior cuidado com a restante Criação não menospreze a missão das religiões no alcance desse desiderato. A Igreja Católica é uma das religiões monoteístas com maior expressão mundial, depositária do maior património ético, como me disse, há dias, um dos meus amigos, não crente, mas intelectualmente honesto. O drama, também constatado por esse amigo, e que com o qual estou de acordo, é não o pôr a render, em muitos dos seus valores e, por vezes, até se ter oposto à aplicação de alguns deles. Não basta justificar esta incoerência com o argumento de que a Igreja é constituída por pessoas com as limitações inerentes à sua condição humana. Isso é verdade. Eu próprio tenho contribuído para que a Igreja Católica não seja credível em muitas das suas atuações. Mas não só por ser um ser fragilizado, mas, sobretudo, por, em muitas ocasiões, infiel aos compromissos que assumi como cristão católico. Ao sê-lo não me torna melhor que outros/as cidadãos/as, mas assumi responsabilidades diferentes e mais radicais.
O Papa Francisco, preocupado com a crescente falta de coerência e, até mesmo dos malefícios, e também do retrocesso civilizacional em muitas dimensões do desenvolvimento integral da Humanidade, colocou a Igreja a pensar sobre a sua autêntica missão, propondo uma metodologia a que se dá o nome de “sinodalidade”, que quer dizer “caminhar juntos”. Este processo culminará – desejo que não termine – na realização de um encontro de bispos e, desta vez com algumas/uns leigas/os, em outubro do próximo ano. Está a terminar a fase da avaliação. Para a concretização dela, o Papa apelou que se estendesse a outras religiões e até a não crentes.
Confesso que estou na posição de um otimista realista. Temo que as transformações mais urgentes não cheguem a acontecer, bem como que aconteçam filtrações, por parte das comissões diocesanas, aos contributos dados. Receio ainda que se Francisco vier a acolher as propostas do Sínodo, venham a ter resistências a vários níveis. Porém, estou a ter alguns laivos de menos pessimismo, dada a maravilhosa experiência que estou a viver, ao ter optado por fazer a minha caminhada sinodal com um grupo constituído, essencialmente, por não crentes. Outro motivo ainda mais impulsionador foi conhecer as conclusões que resultaram da reflexão dos diocesanos de Setúbal. Não esperava que fossem levantadas questões tão pertinentes e algumas bastante controversas. Felicito a Comissão Diocesana, que teve a responsabilidade de fazer tão competente síntese das reflexões efetuadas, pela integridade demonstrada na isenção que é nítida no corajoso acolhimento de todos os contributos. Para os que ainda não tiveram contato com as conclusões e para os que possam pensar que é assunto que não lhes diga respeito, convido a que consultem a página da Diocese de Setúbal, através do link: https://diocese-setubal.pt/wp-content/uploads/2022/05/20220528-P2022-0272E-Sinodo-21-23-Sintese-Diocese-Setubal-Vfinal.pdf
Mesmo assim, há inquietações que me perturbam, sobretudo a falta de diálogo no interior da Igreja católica entre os que pensam diferente e a afronta que se faz a alguns pelo seu “protagonismo” público, com palavras e ações, por vezes, até indignas.
A Diocese de Setúbal está a dar sinais de querer ser uma Igreja sinodal. Não roubem, por favor, a esperança aos que querem uma Igreja mais inclusiva e em permanente saída.

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