A Feira de Sant’Iago tem mais de quatro séculos de história e viu a sua localização alterada ao longo da sua existência. Desde o Largo de Jesus, ao Parque do Bonfim, à Avenida Luísa Todi, e ao Parque Sant’Iago – Manteigadas, desde o ano de 2004, por decisão do executivo CDU.
O sentimento generalizado, neste momento, é que esta Feira, que já foi a principal na região sul de Portugal, atraindo milhares e milhares de visitantes e de expositores de vários pontos do país, tem vindo a decrescer em termos de adesão por parte de visitantes e expositores de fora, bem como de relevância e atratividade para os próprios setubalenses ou para os que cá residem.
Escrever sobre a Feira, para mim, equivale a escrever com emoção, mas também com espírito de missão.
Sou das que têm boas memórias da Feira na Avenida Luísa Todi, mas também das que tudo procuraram fazer para que a Feira na atual localização fosse um sucesso. Voltar ao Centro da Cidade nunca deixou de ser um sonho para quem fez parte das Comissões Organizadoras da Feira de Sant’Iago nos últimos anos. Passei por algumas delas, tendo liderado essa mesma Comissão, em 2018 e em 2019, uma vez que em 2020 e em 2021, devido à pandemia do COVID-19, a Feira não se realizou. Durante esses anos foram introduzidas melhorias em termos de infraestruturas, em termos de animações, em termos de estrutura organizacional, em termos de oferta gastronómica, cultural, desportiva, em termos de participações empresariais e institucionais, acessibilidades, entre outras. Sentimos algum feedback positivo, mas não o suficiente para conferirmos à Feira de Sant’Iago o lugar de destaque que já teve no panorama nacional deste tipo de certames. Tive ainda a oportunidade de reunir com direções de outras feiras e de visitar várias pelo país. Falei com vários vendedores que me transmitiram conhecer bem a Feira de Sant’Iago da Avenida Luísa Todi, e que esta agora não lhes diz nada, porque não tem condições. É essa a publicidade que passa, sendo difícil convencer as pessoas do contrário. Posso até confidenciar que algumas pessoas do tecido empresarial de Setúbal, com quem reuni, estavam convencidas que o terreno não estava alcatroado, uma vez que nunca lá tinham ido.
A Feira de Sant’Iago deixou de estar incluída na rota das Feiras Populares com maior projeção, como já esteve um dia, um pouco a par do que se tem verificado com a própria cidade de Setúbal. Pretende-se que Setúbal volte a ser uma verdadeira Capital de Distrito, tornando a assumir-se como uma das principais do país. Pretende-se, a par disso, que a Feira de Sant’Iago volte a estar inscrita como uma das principais Feiras Populares de Portugal, quer para quem a visita, quer para quem nela expõe, reaproximando, ao mesmo tempo, os setubalenses do seu evento de excelência.
Neste sentido, e numa perspetiva de atrair todo o tipo de visitantes e expositores, quer pela sua faixa etária, quer pelo seu género, quer pela sua naturalidade, quer pela sua área de negócio, quer pela sua área de formação, quer pela sua atividade, quer pelo seu interesse ou preferência, a Feira tem de congregar várias componentes que não só a tornem uma montra de tudo o que a Região tem para oferecer, como lhe permitam recuperar tradições que ainda existem na memória de muitos dos que a visitavam, e, simultaneamente, ir ao encontro dos que pretendem um certame moderno, sustentável e orientado para o futuro.
A Feira tem de gerar receita, tem de congregar vontades e ser vantajosa localmente em termos socioeconómicos, tem de se tornar um produto turístico.
Voltar para o Centro da Cidade impõe-se!
A mudança é possível e vai ser uma realidade com a colaboração de todos os setubalenses.
Queremos uma Feira inovada, um evento de futuro, que nos orgulhe a todos e que se identifique com o que nos melhor caracteriza, um evento que traga outras realidades e que projete Setúbal, uma Feira de encontros e de oportunidades, uma Feira que ligue a cidade ao rio, valorizando todas as suas potencialidades. Viva a Feira de Sant’Iago! Viva Setúbal!
Uma Feira. Uma Cidade. Um Rio.