Fruto da incúria dos sucessivos governos, que é como quem diz, dos governos PS, PSD com ou sem CDS, do crime quase impune e, também, claro, dos rigores atmosféricos, este verão do nosso descontentamento vimos grande parte da nossa jóia da coroa, a Serra da Estrela, ser transformada em paisagem lunar. Assim como tantas outras jóias deste jardim à beira-mar plantado, num total já superior a meio milhão de hectares.
Neste verão do nosso descontentamento, com tantas dificuldades em maternidades e outros serviços de urgência hospitalares, fecho de agências do único banco público, a CGD, outras desgraças cá pelo burgo e o prosseguimento da guerra na Ucrânia consumindo vidas humanas e bens dos dois beligerantes em conflito direto, com repercussões graves um pouco por todo o mundo, especialmente na Europa, e até com ameaças nucleares, mas com dividendos chorudos dos empórios do armamento, sobretudo os localizados no outro lado do Atlântico, ambições estratégicas de hegemonia global também aí localizadas, e com a União Europeia e não só, subordinada a essa estratégia imperialista. Tudo isto, provocando um sentimento quase generalizado de grande apreensão e apatia. Mas, felizmente, há quem não se resigne. Há exceções exemplares que consideramos de toda a justiça e utilidade divulgar. Algumas, decorrendo em simultâneo aqui na nossa região.
A mais conhecida é a Festa do Avante. Essa cidade efémera de três dias, o maior evento cultural, gastronómico, desportivo e político deste país, erguido, mantido a funcionar e desmontado por milhares de pessoas. Comunistas, mas também muitos amigos e simpatizantes do PCP, cuja paga é apenas a afirmação dos seus ideais por um país e um mundo melhores. Sobretudo, mais justos. Outro exemplo, são as Festas de Corroios que decorreram de 19 a 28 deste mês no amplo e aprazível Parque Urbano da Quinta da Marialva. Mais aprazível e útil ficará ainda quando, brevemente, estiverem em funcionamento o Parque Canino e o Jardim Botânico. Festas, por onde já passaram muitos dos maiores músicos e cantores/as deste país. Por exemplo, o anfiteatro onde se situa o palco principal, Carlos Paredes, chama-se Xutos & Pontapés. Banda que já cá atuou mais de uma dezena de vezes. E nos outros dois palcos, privilegia-se os artistas locais e o vasto Movimento Associativo e Popular. Embora com o apoio da Câmara Municipal do Seixal, é o maior evento do género a nível nacional organizado por uma junta de freguesia.
Outro exemplo menos conhecido; a par do espaço de informação e propaganda, o pavilhão com petiscos e bebidas que o PCP (tal como outros partidos com representação na Assembleia de Freguesia, também lá têm o seu espaço) habitualmente tem nas Festas. Desde a desmontagem nas Festas da Amora de onde vem, a montagem em Corroios, a preparação para o funcionamento diário durante os 10 dias das festas e, finalmente, a sua desmontagem, são 16 dias de trabalho dedicado de muitos militantes e também de amigos e simpatizantes do PCP.