A 1 de Junho o parque de estacionamento do Cais do Seixalinho passou a ser gratuito. Há anos que todos e todas nós esperávamos por esta decisão. Esta resposta permite que todas as pessoas, em igualdade de circunstâncias, possam ter acesso a estacionamento organizado e em condições.
É quase impossível encontrar alguém no Montijo que, pelo menos num momento da sua vida, de forma contínua, ou pontualmente, não tenha utilizado os barcos da Transtejo para se deslocar a Lisboa. Os barcos fazem parte da nossa identidade.
Os transportes públicos têm uma importâncias central na vida dos e das montijenses permitindo movimentos pendulares diários, sendo fundamental que as condições oferecidas a quem os utiliza sejam as adequadas, desde o valor dos bilhetes e dos passes sociais, passando pelos horários praticados, até às condições físicas das infra-estruturas de apoio.
Certamente que a política de transportes em geral e o transporte fluvial em particular, sendo da responsabilidade da administração central é, e deve ser, uma preocupação elementar de quem é responsável pela gestão do território. A mobilidade é chave para a qualidade de vida dos/as munícipes.
Neste contexto, o acesso ao Cais do Seixalinho é uma preocupação que nos deve congregar, quer no esforço de melhorar o transporte dos TST – Transportes Sul do Tejo, quer nas condições do parque de estacionamento que serve a estação fluvial.
Durante anos, e bem, foi reivindicado por muitas e muitos o acesso gratuito ao estacionamento, uma vez que o custo da diária era de 1,20€ e o valor da mensalidade de 14€, acrescendo este montante ao bilhete ou ao passe social. Num ano, para quem optava pela mensalidade, o acréscimo ao passe podia chegar aos 168€.
Mas talvez aquilo que mais me interpelou sempre, e tenho sido, na maior parte da minha vida, utilizadora assídua dos barcos, é o facto deste estacionamento pago não ter qualquer alternativa gratuita. Não me chocava se o estacionamento fosse pago, caso a parte superior do parque, que estava sistematicamente vazia, fosse grátis, ou se numa zona mais distante da estação existissem lugares de estacionamento disponíveis.
A verdade é que as pessoas estacionavam fora do parque, em arrabaldes e antigos armazéns abandonados, de forma anárquica e desregrada. Situação que não podia de forma nenhuma ser criticada porque a verdade é que não existia alternativa.
Esta situação que se arrasta há uma década foi finalmente resolvida pela Câmara Municipal de Montijo, com a aprovação de um acordo entre o Município e a Transtejo, que passa a gestão do parque de estacionamento para a autarquia, o que permitirá melhor qualidade da infra-estrutura e gratuitidade no acesso.
Confesso que me surpreendeu que o PSD se tenha abstido na votação da proposta em Reunião de Câmara, alegando para tal que a Câmara não fez um estudo de quanto iria custar ao Município esta decisão.
O dinheiro público existe para ser colocado ao serviço das pessoas, e esta resposta municipal de estacionamento é, sem qualquer dúvida, uma das melhores negociações feitas nos últimos anos em benefício da comunidade montijense. A Transtejo cede o parque de estacionamento à Câmara Municipal e a última assegura a sua manutenção e segurança.
Tenho a certeza de que todos e todas nós, que somos utilizadores/as dos barcos da Transtejo, que diariamente ou circunstancialmente nos deslocamos por este meio, compreendemos bem o alcance deste acordo, que se consubstancia na melhoria da qualidade de vida das pessoas e no ordenamento do trânsito no Cais do Seixalinho.
A Câmara Municipal e o Presidente Nuno Canta estão de parabéns, porque esta medida é daquelas que fazem sentido na vida das pessoas, e esse alcance é incontornável.