22 Julho 2024, Segunda-feira

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Devolver o Interior aos Jovens

Devolver o Interior aos Jovens

Devolver o Interior aos Jovens

12 Outubro 2023, Quinta-feira

O interior de Portugal tem sofrido um êxodo muito significativo de jovens face à falta de oportunidades laborais e académicas. Num estudo desenvolvido pela plataforma Gerador foi revelado que aproximadamente 60% dos jovens entre os 15 e os 24 anos têm a intenção de se mudar para o litoral por motivos relacionados às oportunidades ao nível da educação, mas também pelo emprego. O interior representa de forma aproximada 70% de Portugal e actualmente tem menos de 30% das pessoas. Existem concelhos do interior do país a perder 30% dos jovens, mas afinal qual será o sintoma do interior para a juventude?

Após uma leitura reflectida dos dados recolhidos, podemos concluir que o interior tem sofrido uma enorme desertificação jovem, o que invariavelmente descapitaliza estes territórios, ao nível da fixação das novas gerações nas suas terras natais. Nenhum jovem deveria ser “obrigado” a ir estudar para as grandes metrópoles do país por não encontrar os cursos que pretendem no interior. O Estado tem de ser capaz de criar estímulos e parcerias com as instituições públicas e privadas no sentido de abrirem o leque para todos os cursos universitários no interior também e instituições que facultem tais perspectivas, acabando igualmente com os numerus clausus. A escolha dos jovens não pode assentar entre ou ir para o litoral para seguirem os seus cursos de sonho ou desistirem das suas ambições académicas. O Estado tem igualmente de ser capaz de criar mais incentivos fiscais para fixar empresas  no interior (por exemplo: multinacionais) e para as pessoas que trabalhem no interior, nomeadamente ao nível do IRC e IRS. Uma medida interessante seria a isenção de IRS no primeiro ano para todos os trabalhadores que adquiram uma casa no interior ou arrendem e por lá decidam viver, assim como, isenção de imposto de selo e IMT a pagar sobre o imóvel localizado no interior. Uma outra medida interessante, seria a isenção de IRC nos primeiros dois anos (exemplo) para jovens empreendedores que estabelecessem as suas empresas no interior, bem como isenção da derrama municipal nos primeiros dois anos de actividade. Há muitas formas de conseguir capitalizar o interior, todavia, requer-se muita vontade, imaginação ao nível de políticas públicas “out of the box” e a auscultação de todos os interessados. Ao nível das grandes empresas que se fixassem no interior e pagassem um salário mínimo de 1300 euros por trabalhador, pagariam por exemplo o mesmo IRC que na Madeira, 14,7 %. Poderia ser fixado um salário mínimo do interior, superior ao salário mínimo nacional, ou criando-se um 15 salário para os trabalhadores do interior. Não obstante, para que exista uma verdadeira coesão territorial é fundamental a existência de mobilidade sustentável (igualmente verde e 100% limpa) que conecte todas as regiões do interior do país e simultaneamente com o litoral, aumentando a oferta de transportes públicos consideravelmente, não deixando nenhuma freguesia/comunidade de fora. Ora, é igualmente capital a existência de um TGV inter-regiões com a premissa de ligação do interior ao litoral do país num curto espaço de tempo, permitindo por exemplo que as pessoas que escolhessem as metrópoles para trabalhar, conseguissem chegar à hora de jantar às suas casas. Uma outra medida que considero relevante seria a criação do Passe ZERO, consistindo num passe para jovens (até aos 35 anos) em que os mesmos estariam isentos de pagamento em todos os transportes públicos do país, podendo viajar livremente por onde a sua vontade e espírito decidissem, contribuindo assim, para a verdadeira possibilidade de conhecerem todo o nosso Portugal sem custos, passando assim para os mais jovens a cultura e o conhecer de todas as terras do nosso vasto país.

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Porquanto, considero importantíssimos todos os apoios já criados para fixação de jovens no interior como a título de exemplo, o programa “Emprego Interior Mais (IEFP)”, porém, é fundamental mais rapidez na atribuição dos apoios e na majoração dos mesmos, bem como, as autarquias do interior devem todas fornecer um apoio complementar para atracção de jovens, como por exemplo a isenção de IMI, bem como a isenção das taxas de licenciamento para a construção de habitação. Conquanto, não nos podemos esquecer que sem serviços públicos de saúde robustos, rápidos, capitalizados de recursos humanos e financeiros, será muito difícil atrair jovens e auxiliar os mais velhos no interior do país.

Sem interior não há futuro em Portugal, ajudemos o interior a reerguer-se e a ser novamente interessante para a fixação de novas famílias jovens e assim, assegurar que o interior efectivamente conta com as novas gerações.

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