COP26: Os Governos não estão a cumprir

COP26: Os Governos não estão a cumprir

COP26: Os Governos não estão a cumprir

18 Novembro 2021, Quinta-feira
José Luís Ferreira

Terminada a Cimeira de Glasgow e “arrumadas as cadeiras”, é tempo de fazer uma ligeira leitura sobre os seus resultados.

Face ao que se passou, o que podemos dize é que, o que de mais relevante nos trouxe esta Cimeira foi permitir ao mundo tomar consciência de que as Partes não estão a cumprir, os Estados e os Governos estão a falhar na resposta aos compromissos que assumiram em Paris.

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É verdade que têm vindo a ser apontados alguns avanços, “conseguidos” em Glasgow no que respeita aos acordos relativos ao metano, à desflorestação e ao carvão, mas também é verdade que estes anúncios, exigem uma análise mais aprofundada.

O Acordo para reduzir até 2030 as emissões de metano, responsável por 30% do aquecimento global desde a revolução industrial, ficou longe dos desejados 50% de redução, fixando-se apenas nos 30%.

Relativamente ao carvão, o Acordo, que prevê o fim do carvão na produção de eletricidade, é uma espécie de “cromo repetido”, uma vez que, em várias COP’s é apresentado como um grande avanço.

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Quanto ao Acordo para as florestas, através do qual os países se comprometem a acabar com a desflorestação até 2030, não passa de uma “fuga para a frente”, um esforço para legitimar o falhanço dos Estados, uma vez que o anterior Acordo sobre florestas, conseguido em 2014, não foi cumprido.

Ou seja, ficamos muito longe de um cenário que garantisse conter o aquecimento global em 1,5º C, relativamente aos valores pré-industriais, como acordado em Paris.

Para além disso, a COP26, deixou sem resposta as expectativas dos países mais afetados pelas alterações climáticas, que são, em regra os países mais pobres.

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De facto, considerando as responsabilidades históricas dos países desenvolvidos no que diz respeito às emissões, seria justo que suportassem os custos tanto da mitigação como da adaptação dos países mais pobres, sucede que EUA e UE recusaram a criação de um fundo a ser canalizado para aqueles países.

Em matéria de financiamento climático, somaram-se as promessas e intenções de aumentar o financiamento acima dos 100 mil milhões de dólares, mas o mundo tem razões para desconfiar, até porque a meta dos 100 mil milhões por ano, acordada em Copenhaga em 2009, não foi cumprida ao longo destes 12 anos.

A permanência do mercado de carbono, um mecanismo que reflete a hipocrisia neste combate, não foi questionada, e nem a criação de uma taxa sobre algumas dessas transações comerciais para financiar a adaptação dos países mais vulneráveis, passou.

Depois desta COP, o tempo escasseia, entramos já no “período de compensação”, sendo certo que quanto mais se continuar a adiar, mais robustas e exigentes, terão de ser as respostas e as metas de redução. Mas esta tem sido a linha seguida até aqui, medidas concretas ficam para a próxima COP e o mundo assiste à operação mediática, de COP em COP. Esta não fugiu à regra.

Por isso dizemos que o único elemento que sobressai desta Cimeira para o mundo, é que os países não estão a dar corpo aos compromissos, estão a falhar as metas que assumiram formalmente em Paris.

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