A Antena1 tem uma rubrica, “Portugueses no Mundo”, em que, de segunda a sexta-feira, a jornalista Alice Vilaça faz uma pequena entrevista a um ou a uma nossa compatriota, emigrados nas mais diversas partes do mundo. A esmagadora maioria tem duas características: são jovens, licenciados e altamente qualificados.
Portanto, gente, cuja formação, na grande maioria dos casos, custou aos contribuintes, ou aos seus pais, e vai contribuir para o desenvolvimento de outros países quando aqui ele é tão necessário. Evidentemente que este facto, é apenas um pequeno exemplo da nossa emigração nesta faixa etária. Mas se considerarmos que, segundo uma sondagem divulgada pelo jornal Público em 23/7/23, dizendo que mais de metade dos jovens entre os 18 e os 34 anos, admite emigrar, já não será um exemplo assim tão pequeno.
Claro que não é por acaso que tantos jovens desejam emigrar! Nem por não gostarem do seu, do nosso, País! As razões são outras e bem conhecidas. São as mesmas que, segundo o Eurostat, em 2022, mais de metade deles até aos 34 anos, ainda vivia na casa dos pais. Dois dos motivos indicados, é o preço das casas e os salários baixos. Na UE, pior que Portugal nesta matéria, apenas a Grécia. E, dados do INE, cerca de 60% dos jovens trabalhadores, têm vínculos precários. E, como se sabe, com empregos muito mal remunerados. É esta situação desastrosa que empurra os jovens para a emigração, para saírem da casa dos pais tão tarde e para não constituírem família. Isto, num País com um tão grave déficit demográfico. Por outro lado, verifica-se esta contradição imoral, que são os lucros dos grandes grupos económicos e os ainda maiores da banca, que só no primeiro trimestre deste ano, aumentou-os em cerca de mil milhões de euros.
É a política do Governo PS que, como diz, e bem, o PCP, política de direita. Mas, claro, não são só os jovens a sofrer as consequências. São também, independentemente da idade, professores, médicos, enfermeiros e outros profissionais do sector da saúde, nomeadamente do publico (SNS), são funcionários públicos, militares, forças militarizadas, etc. As justificações, não passam disso mesmo; justificações. Foi a pandemia, agora é a guerra na Ucrânia, mas quem aperta o cinto são sempre os mesmos; os trabalhadores, o povo. E a minoria exploradora sempre a encher a pança.
Portanto, serão exageradas as críticas ao PS? Quem aqui nos costuma ler, sabe que também não as poupamos ao PSD e aos derivados. Iniciativa Liberal e ultra direitista Chega. Atente-se no caso da TAP. Essa grande empresa que deveria manter-se pública, estratégica para a economia nacional e o rosto de Portugal no mundo. Depois de sucessivas gestões ruinosas da responsabilidade de governos do PS ou do PSD, quando finalmente começa a ter resultados positivos, preparam-se para a privatizar. Para a entregarem de mão beijada ao capital privado. Até estrangeiro. Isto tem algum nexo para um partido que se reclama defensor dos trabalhadores, do povo e do socialismo?