Não é normal. Começo este artigo por esta afirmação simples para transmitir a perplexidade com que todos observamos o que se passa com um dos setores agrícolas mais importantes da nossa região.
A capital da flor fica no distrito de Setúbal, mais propriamente no concelho do Montijo.
O setor da floricultura assegura mil postos de trabalho no Montijo, e o setor, a nível nacional, representa cerca de 5000 postos de trabalho diretos (aos que somam outros 5000 indiretos).
É um setor que navega entre anúncios. Entre os fundos comunitários que não aplicáveis ao setor e as prometidas linhas de crédito que não chegam
Os problemas neste setor têm a mesma origem que milhares de outras empresas e postos de trabalho têm, a pandemia COVID-19. Mas é incompreensível não terem as mesmas soluções.
Não existem linhas de crédito disponibilizadas, só prometidas. Os fundos comunitários injetados na agricultura não beneficiam a floricultura porque os requisitos não permitam às empresas desta atividade aceder aos mesmos.
Os canais de venda da floricultura estão parados. Os eventos habituais como casamentos, batizados, romarias e outras festividades estão limitados ou proibidos. De uma forma ou outra o mercado deste setor não existe este ano.
Os produtores de frutos vermelhos viram os seus produtos a serem retirados do mercado. Num mecanismo que se espera que permita as devidas compensações. Os floricultores não têm como parar a produção. As flores não param de crescer, a produção continua e resultado tem sido “deitar fora” o que é produzido.
É contraproducente não apoiar um setor que tem tido sucesso, sem fundos comunitários, sem apoios nos custos energéticos (energia verde).
Temos um importante setor no nosso distrito ao abandonado. Comparam a luta a esta pandemia a uma guerra. Pois então, numa guerra perder ou manter a capital significa muitas vezes perder ou ganhar a guerra. Não vamos perder a capital da flor, não vamos perder um dos mais importantes tecidos produtivos da nossa região.
Todos os responsáveis políticos do distrito de Setúbal têm a responsabilidade de, no mínimo, exigir que o governo faça pela floricultura o mesmo que fez pelos outros setores.
A floricultura já “pesa” 8% na agricultura nacional, não é aceitável que tenha 0% de apoios.