A origem do nome da pequena cidade brasileira (39.000 habitantes) de Brumadinho no estado de Minas Gerais, onde rebentou a barragem que provocou até ao momento em que alinhavamos esta crónica 110 mortos, 238 desaparecidos e 50 quilómetros de terras inundadas e contaminadas, deve-se ao facto das brumas matinais que frequentemente se formam no vale onde se situa.
Brumadinho, é uma autêntica metáfora do Brasil. Tem do melhor e do pior. Situada numa região lindíssima de montanhas e vales, esconde no seu subsolo riquezas imensas. Jazidas de minérios diversos; cobre, manganês, zinco, chumbo, nióbio, alumínio, Feldspato, e outros com predominância para o ferro. É também um imenso reservatório de água de onde é abastecida a capital do estado, Belo Horizonte, a 60 quilómetros. E possui uma das maiores fontes de água mineral do mundo. No entanto, a grande maioria dos seus habitantes, trabalham na agricultura e nas minas, e tem um nível de vida baixíssimo.
A poderosa empresa Vale, SA, uma das maiores produtoras de ferro do mundo com sede em S. Paulo, privatizada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, é quem explora as minas da região e as outras um pouco por todo o Brasil.
A gigantesca tragédia humana e ambiental, era, tal como aqui a nossa de Borba, mais que previsível. As autoridades estaduais e federativas avisadas, nada fizeram. A Vale, SA, é um dos estados dentro do Estado Brasileiro. O rebentamento desta barragem não é inédito. Outra semelhante na região, a de Mariana, também rebentou em 2015 provocando 19 mortos, quase 400 famílias desalojadas e outro grande desastre ambiental. Em todo o Estado de Minas Gerais, existem 50 barragens deste género que se destinam aos denominados rejeitos. Ou seja, ao material rejeitado depois da lavagem dos minérios. As lamas tóxicas que contaminam tudo por onde se escoam com o rebentamento das barragens.
É assim Brumadinho! É assim o Brasil! Tudo lá é grande. A beleza paisagística ( cada vez menos bela com estes atentados ambientais, claro!) as riquezas naturais , a miséria e a ganância desmedida de uma minoria dona de tudo. Evidentemente, que a imensa, a portentosa ,Amazónia, o pulmão da terra, também está na mira dos abutres. Não dos outros! Esses, são inofensivos. Esses, apenas devoram cadáveres. Na mira destes, os que devoram seres vivos. Pessoas, animais, e a própria Natureza.
Tudo isto agora agravado com o primário, o boçal, o faschistóide Bolsonaro. Homem de mão dos referidos abutres.